Soneto para o Poeta Francisco Carvalho
Dos tempos de menino te ficaram
as tardes de sol quente onde os
lamentos
dos velhos bois que a morte ruminavam
se esvaíam nas túnicas dos ventos.
Na gleba de teu pai ainda há frutos
das árvores regadas pelos sonhos;
os alpendres, porém, e os altos muros
não deixaram vestígios nem escombros.
Mas tens o verso, com que todo dia
fazes viver um mundo de utopias
com a antiga crença de um profeta
hebreu.
E vês que a hora do poema é a hora da
lavra
em que ficas à espreita da palavra
que há de queimar como o êxtase de
Deus.
Sânzio de Azevedo (1999)
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