“No entardecer da vida, vós sereis
julgados no amor.”
(São João da Cruz)
Filho de Rosa de Oliveira e José Bezerra de Menezes, Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes
veio ao mundo em 28 de abril de 1935. Iniciou a sua carreira ininterrupta do
magistério com apenas 17 anos, na época, ainda estudante liceísta, na escolinha
montada na copa da casa de seu avô Belarmino, aos cuidados da tia Eliete, e
tendo como inspiração, entre outros, o educador Lauro de Oliveira Lima (1921-2013),
Martinz de Aguiar (1893-1974) – “um misto de Sócrates e Diógenes” – e
Capistrano de Abreu (1853-1927).
O jovem pretendia cursar Engenharia,
mas com as frequentes temporadas entranhado nos acervos da biblioteca do Liceu
e da Biblioteca Pública do Estado – e logo também na biblioteca do Instituto do
Ceará, aos cuidados e orientação de Maria da Conceição Sousa –, reconheceu que
não era aquele o seu destino.
Pensou em cursar Direito, mas, por um
acaso burocrático, não pôde fazer vestibular naquele ano e foi convocado pelo serviço
militar. Depois, considerando ineficiente o curso de Filosofia da Faculdade
Católica, optou pelo da Pedagogia, quando soube que dom Lustosa, arcebispo
criador da entidade, não permitia homens nesse curso, pois nele se formavam as
freiras. E foi dessa forma que ingressou no curso de Letras Neolatinas.
Mal se formara, Diatahy participou de
uma seleção de bolsa de estudos pela Aliança Francesa, o que o fez residir em
Paris e estudar em Sorbonne, entre 1959 e 1960, alterando irremediavelmente o
curso de sua vida e permitindo-lhe o convívio com grandes intelectuais de
reconhecimento internacional, entre eles, Jean Piaget, cuja complexa obra o
“habitava desde muito cedo como um demônio interior, um grande desafio e muitas
indagações”. Seria impossível, diante do limitado espaço a mim concedido, citar
o extenso currículo de títulos, conquistas, premiações e obras do prof. Diatahy,
mas destaco: o bacharelado e licenciatura em Pedagogia, o doutorado em
Sociologia (França), pós-doutorado em História Antropológica (França),
professor emérito e titular do doutorado em Sociologia, do mestrado em História
Social e do mestrado em Letras (UFC) e do mestrado em Filosofia (Uece). É
membro do Associação Brasileira de Antropologia, do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, do Instituto do Ceará e da Academia Cearense de Letras.
Tem diversas obras publicadas e
colabora em revistas nacionais e internacionais. É o responsável por diversas
contribuições no campo da ciência, da pesquisa e da cooperação internacional. Resumindo,
diante de sua complexa erudição e “pneuma”, podemos afirmar ser o mestre uma
“enciclopédia de múltiplos saberes”, como ele mesmo definiria Câmara Cascudo,
quando de sua visita à residência do historiador, na época, com 79 anos.
Pela imensa bagagem cultural e crítica que
possui, é cuidadoso com o emprego das palavras e de conceitos, não se deixando
levar pelas midiáticas unanimidades e pseudocertezas propagadas rapidamente por
aspirantes a intelectuais, sendo ele, sim, hoje, o maior intelectual vivo em
nosso estado. E temos a sorte de encontrá-lo, lúcido, sensível, brilhante, despertando
pacífica e subitaneamente qualquer debate, jogando luz às ideias, e ainda dando-se
o trabalho de ler alguns textos deste que escreve esta modesta nota de
admiração.
Assim, concluo esta breve celebração, apresentando
o espelho daquele que a inspira: “Prefiro as situações onde predominam a
simplicidade e a espontaneidade das relações, talvez por ser habitado por
natural espírito galhofeiro ou talvez por assumir o propalado traço moleque da
cultura cearense, que tende obsessivamente a desconstruir pela ironia quase
grotesca todo falso louvor ou glória vã. [...] muito me apraz todavia
definir-me para mim mesmo como um contador de histórias.”
Vida longa, prof. Diatahy.
Um amigo que reverência , parabéns
ResponderExcluir" ... limitado espaço a mim concedido... " Por quê? Por quê? Por quê? Tão necessário e gostoso que fosse mais extenso! Sim, vida longa ao prof. Diatahy assim espaço menos limitado à pena de Dom Netto!
ResponderExcluir