Durante a última edição da Bienal Internacional do Livro do Ceará, a equipe do jornal O POVO elaborou uma programação na qual constou uma mesa de jornalistas que celebrava os 10 anos de Romeu Duarte como cronista no seu caderno de cultura. Merecida homenagem. Ótimo cronista, contador de boas histórias, Romeu reveza o espaço comigo, às segundas, e temos uma coletânea de algumas dessas crônicas a ser publicada, esperamos, no ano que vem, pelas edições Demócrito Rocha. Pensava nisso quando... epa!... Lembrei-me: em 2022, completei 15 anos no mesmo caderno.
Daí, não sob holofotes, mas no meu silencioso e reservado eu comigo mesmo, na atitude – hoje quase clichê – de ouvir estrelas, rememorei: em 2007 fui convidado e passei a integrar um grupo composto por quatro cronistas do “Vida & Arte”: Pedro Salgueiro, Jorge Pieiro, Fabiano dos Santos e eu. Fabiano apenas estreou, não chegando a uma segunda participação. Pieiro ainda levou por alguns anos, mas pediu para sair. Restamos apenas eu e o Pedro, debutantes e ainda aprendizes, graças a Deus.
De lá para cá, muita coisa mudou, seja na vida do mercado jornalístico (espaços menores nos impressos, quando impressos, e a inexistência dos suplementos literários), assim como na dos escritores (escravidão nas redes sociais e exigência de vida social não compatível com sua produção, além de não precisar ser escritor, mas, sim, personagem).
A crônica, desde o século 19, tornou-se bastante popular por conta de seu maior veículo: o jornal. Na verdade, era um atrativo para que as pessoas comprassem mais jornais. Com o tempo, ao lado de palavras cruzadas, das tirinhas de quadrinhos, das receitas da vovó e mesmo de colunas sociais, a crônica continuaria o seu papel de lazer, de fruição. Esse bate-papo com o leitor, que conforme o autor ou autora teria suas características e estilos bem próprios e distintos – assim como o seu público –, fomentou uma série de publicações que, no meu tempo de estudante, se revestiriam da missão de encantar-nos e nos apresentar ao mundo literário, desenvolvendo o nosso gosto pela leitura. Rubem Braga, Nelson Rodrigues, Lima Barreto, Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, Cecília Meireles, Inácio Loyola Brandão, Sérgio Porto, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Vinicius de Moraes, Luís Fernando Veríssimo... Uma infinidade de gente muito boa. E, para mim, o mais importante: lia essa turma toda e me sentia feliz!
Sempre muito solitário, apesar da família grande, a leitura me foi sempre uma grande companheira. Sua fala baixinha correndo pela minha imaginação adolescente fazia-me crer na possibilidade de quase tudo, alimentando-me nas horas vazias, me emocionando e me acolhendo naqueles instantes nos quais me perguntava qual o sentido de existir.
Quando me dispus a escrever crônicas neste jornal, após o ponto final, eu as lia e as relia, na tentativa de imaginar se a minha leitora e/ou meu leitor teriam esse mesmo sentimento. Se isso não aconteceu ou acontece, FRACASSEI. Não existe outro motivo para continuar.
Por conta dessas crônicas, publiquei dois livros: “Crônicas Absurdas de Segunda” (2015), ganhador do edital de artes da Secult-CE e finalista do Troféu Jabuti de Literatura, e “Quando o Amor é de Graça!” (2019), também contemplado no Edital de Artes da Secult-CE, e tenho mais dois para sair no ano que vem “Fantásticos!” e “Coisas Engraçadas de Não se Rir”. Elas, as crônicas, seja pelo jornal ou pelos livros, me apresentaram a maior parte das pessoas que hoje dividem comigo suas leituras e amizades. São responsáveis pelos encontros casuais com desconhecidos na cidade a se anunciarem também leitores e, muitas vezes, a compartilhar esses belos e necessários sentimentos.
Concluo: a crônica é poderosa, mas assim como as estrelas de Bilac, é preciso amá-las para entendê-las.
Você é um grande realizador de Sonhos acordado diz o ditado popular quem empresta não presta pois não é que é mesmo até emprestar Sentados na Calçada sem retorno o folheava pra lá e pra cá vou aguardar ansiosa Fantástico com a Maju? ou sem a Maju? e Coisas engraçadas de não se rir um Feliz domingo!👏👏👏👏palmas de pé pra tu grande abraço
ResponderExcluirFiquei curioso para saber quem é essa tal Maju... rsrs Mas, sim, ano que vem, se tiver vergonha na cara, lançarei mais esses rastros literários. Muito obrigado. Abraço.
ExcluirRubem Braga certa vez declarou: "Crônica é tudo aquilo que escrevo de bermudas". Acho isso a sua cara rrss Assim como o Rubem, você é muito bom no que faz, além de ser um amigo carinhoso e generoso. Parabéns pelo seu magnifico trabalho.
ResponderExcluirZélia, devo ser mesmo esse cara de bermudas... mas estou tentando mudar, aos poucos. rsrs Agradeço demais pelas suas palavras, leitura e mais ainda pela sua presença sempre tão vibrante e divertida. Sem contar, claro, pelos escritos que acompanho com esse mesmo prazer. Abração.
ExcluirVida longa ao cronista Raymundo Netto. O guardo na estante do coração.
ResponderExcluirNão conheço lugar melhor do que essa estante. rsrs Grande abraço e vida longa para nós.
ExcluirO anônimo abaixo você o conhece por Brennand
ResponderExcluirBrenanzim, vamos marcar um churrasquinho no Paraíba? rsrs Abração.
Excluirvocê consegue sempre, fazer o que se propõe. adoro suas maneiras, seja de cronista, contista, mediador, amigo. feliz com a perspectiva de novas criações. um abraço
ResponderExcluirLucirene, minha cara escritora e amiga. Aliás, geralmente, a primeira a comentar as minhas crônicas. Bom demais contar com sua companhia/leitura. Abração.
ExcluirParabéns, pela tua sensibilidade, pela tua linda história de vida! Te amo muito!
ResponderExcluirAgradeço demais. Abração.
ExcluirEm 2007, eu trabalhava nos Populares. Na hora do intervalo, era um prazer imenso ler as crônicas, especialmente as suas. Foi nesse tempo que eu me tornei fã da sua escrita. Mas só nos conhecemos anos depois, quando eu estava na TVC. Admiro a sua sensibilidade, destreza, talento com as palavras. Parabéns, Raimundo! Que seus anos renovem sempre esse amor pela literatura e mantenham por perto pessoas e histórias incansáveis de serem tecidas nas linhas da vida e da literatura. Abraço!
ResponderExcluirHelga, me lembro demais desse programa. Muito bom conhecê-la e tê-la entre as minhas amizades. Você é uma grande jornalista. Adorei. Forte abraço.
ExcluirParabéns pela contribuição dada por você a esse universo da contação de histórias, que tão bem faz para o crescimento da nossa literatura
ResponderExcluirAmigo Henrique, muito feliz de tê-lo entre esses leitores mais fiéis e assíduos. Grande abraço, irmão.
ExcluirParabéns, Raymundo Netto! Por contribuir para um mundo melhor com a sensibilidade de seu coração traduzida em suas crônicas. (Não só nelas). De 2003 a 2013, eu trabalhava no interior. Programa de cisternas. Vinha pra casa, às sextas à noite, ou aos sábados. E tínhamos a assinatura do O POVO que perdurou ainda por um bom período. Aos domingos, eu me sentava com a pilha dos jornais da semana e os lia. E sempre lia suas crônicas, que me surpreendiam, como ainda acontece hoje. Gratidão por partilhá-las. Um fraterno abraço!
ResponderExcluirMalvinier, a melhor aluna do CPLI... rsrs Você é uma inspiração. Muito feliz de contar com sua amizade e sua atenta leitura. Muuuito obrigado.
ExcluirParabéns, Raymundo Netto! As crônicas são como retratos de pedaços da vida com as palavras. Chegam bem perto de nós, leitores. Considero uma escrita difícil. Que seja ainda mais longeva sua observação e escrita da vida.
ResponderExcluirGoreth, adorei. Isso mesmo: "retratos de pedaços de vida em palavras". É isso que vamos deixando no caminho. Esses retratos. Tão bom quando alguém os encontra... rsrs Obrigadão, querida.
ExcluirÓ Ray, parabéns a nós todos!
ResponderExcluirEm tempos de leituras dinâmicas frenéticas, automáticas e descartáveis, bom parar, respirar, sentir-se viva/o e desfrutar de momentos como estes, de prazerosas leituras.
Fatimaia, muito obrigado pelo gentil retorno. Vivas a nós, a nós.
ExcluirQuantas estórias nestes 15 anos! Parabéns meu amor! Você segue inspirando diferentes gerações de leitores com o seu grande talento !
ResponderExcluirNão tem "obrigados" suficientes para você. Beijo imenso. Te amo.
ExcluirRaymundo, meio mundo de palavras é seu! Viva sua arte e intimidade com elas!
ResponderExcluirUm seu leitor na multidão,
Henrique Beltrão
Caríssimo Quinho, poeta do simples e simplesmente adorável. Grato demais. Grande abraço.
ExcluirUm dos cronistas mais inteligentes que conheço e acompanho, sempre que a leitura acadêmica (dura e seca) me dá tempo. Abraço Raymundo Netto e continue alimentando o jornal e nossas mentes com seus escritos.
ResponderExcluirAmigo Macário, felizardo sou eu de trazer, entre meus amigos e leitores uma pessoa desse quilate. Você é grande, ao pé da letra. rsrs Abração.
ExcluirQuerido Netto, Agradeço a sua persistência na crônica, com a elegância e gentileza de sempre. Também tenho saudades do caderno de cultura, não me satisfazem os meios eletronicos, agora sei que "a fala baixinha" da leitura é a mesma que fez de você um escritor, para o apreço de nós leitores. Abraços
ResponderExcluirHelena, emocionante. Muito grato pelo compartilhamento de suas palavras e percepções. Um forte abraço.
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