Clique na imagem para ampliar!
Para adquirir o livro (valor atual: R$ 16,90):
livrariadummar.com.br/nilto-maciel
Não sou escritor por querer. Fui feito assim, desse jeito, como há abestados desse mesmo feitio: músicos, pintores, dançarinos, atores. Deus me quis escritor. Eu bem poderia ter sido apenas um advogado, um funcionário público, um açougueiro.
(“Confissão
Pública”, Nilto Maciel, em 7 de março de 2014)
Nilto Maciel é, certamente, um dos mais fecundos,
criativos e enigmáticos escritores que o Brasil já produziu. Publicou 8
romances, 8 coletâneas de contos, 8 novelas (Vasto Abismo reúne 7), 1 seleção de poemas, 3 de crônicas, 2 de
artigos, resenhas e notas literárias e 2 de ensaios, além da colaboração em
diversas revistas, jornais, sites, blogues e antologias, inclusive no exterior,
traduzidas para o espanhol, italiano, francês e esperanto. E tanto mais faria
se a vida não lhe fosse ainda tão curta.
Beirando os 70 anos, entusiasmava-se com a “nova
fase”, descobria-se, explorava os recursos tecnológicos sem abandonar o método
analógico e até radical de viver a sua literatura, coisa que fez
incessantemente e quase em gritante silêncio – que o digam os seus diários –
durante uma carreira de cerca de 40 anos respirando, urdindo e conduzindo
palavras.
Embora não se tornasse um nome midiático, teria prestígio
e reconhecimento de autor nacional por escritores e críticos dos mais diversos
rincões brasileiros, o que pode ser constatado em A Arquitetura Verbal de Nilto Maciel, fortuna crítica organizada ao
lado do amigo e poeta “risonho e carinhoso” João Carlos Taveira.
Em 2013, em meio a publicações diversas, pediu a um
amigo em comum, o também escritor Pedro Salgueiro, que me sondasse para
escrever a sua biografia. Como se adivinhasse, determinava-se a registrar em publicações
as suas memórias, seus artigos, sua produção literária, o que pode ser
facilmente comprovado pelo número e natureza das obras publicadas – a maioria
por conta própria – nos dois últimos anos de existência física, principalmente
em Menos Vivi do que Fiei Palavras (2012),
Como me Tornei Imortal (2013) e Quintal dos Dias (2013). Não esquecendo
as correções e alterações que faria em suas em suas primeiras produções por
meio da publicação de Contos Reunidos I
e II.
Entretanto, não conseguindo resposta, um dia, em uma
de nossas conversas de sala, ao me oferecer outra Coca-Cola, diretamente me perguntou se eu o faria, e propôs
“negócio”. Afinal, “ninguém conhecia a sua vida. Ninguém.” A seu modo,
respondi: “Nilto, não seria melhor esperar a sua obra completa?” Ele
desconversou, lançou alguma piada mordaz, de costume, acomodou-se em sua
cadeira de balanço – a perna esquerda fletida e abraçada pelas mãos entrançadas
–, coçou o nariz com o indicador nervoso e concluiu: “Pense nisso.” Meses mais
tarde, publicaria Quintal dos Dias,
uma espécie de autobiografia, como o Menos
Vivi do que Fiei Palavras, na realidade, apenas recortes dos cadernos que compunham
o seu diário íntimo ou pessoal, um hábito que cultivava desde a sua
adolescência.
Desse modo, caros leitores, amigos ou não de Nilto
Maciel, vai-se assim esse perfil biográfico muito breve e afetivo, revolvendo
em especial as suas, mas também as minhas lembranças, na tentativa de
apresentá-los fielmente ao sedutor personagem do homem das letras, longe de
qualquer pretensão maior que não seja apenas a de provocar a quem se perceba capacitado
e competente ao estudo, pesquisa e publicação de sua obra, campo vário, fértil
e inexplorado.
Ao final, deixo uma trilha cronológica
biobibliográfica que o próprio autor – porque os espelhos sempre nos distorcem
ou enganam – teve dificuldade de traçar corretamente.
Que a literatura lhe seja justa e o silêncio, breve.
O Autor
Tahyba, 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário