Meus pais se foram, já faz muitos
anos.
Perdi depois o irmão mais velho e, um
dia,
minha única irmã a travessia
inevitável fez, e dos meus manos
apenas um ficou. A fantasia
enche-me a solitude com os enganos
quando, à noite, mergulho nos arcanos
dos devaneios, que a lembrança cria.
Dormindo, pela névoa da saudade,
estou a vê-los novamente rindo
como os via, feliz, na mocidade.
Hoje, o consolo aos dias mais
tristonhos
é, no meio da noite, o instante lindo
de rever o passado nos meus sonhos.
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