LANÇAMENTO
Pequenas Eternidades,
de Zeca
Lemos
Data e Horário: 30 de
setembro de 2016, sexta, às 19h
Local: Ideal Clube (área
social)
Prefácio de Batista de Lima e capa de Totonho Laprovítera.
Investimento: R$
30,00
Sobre a Obra:
Pequenas eternidades reúne
uma seleção de crônicas e contos do blog homônimo escrito por Zeca Lemos. São textos escritos entre
os seus 14 e os 17 anos, como uma forma de depurar as angústias adolescentes e,
por meio da imaginação, criar um mundo onde a delicadeza é possível.
Suas narrativas são curtas como os estilhaços de pequenas
eternidades.
Por Aila
Sampaio
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Cidade Surrealista
Zeca
Lemos
Eu queria poder ver todas as cores que meus olhos absorveram
mais uma vez, mas faltava-me coragem. Arrepiava-me ao conjecturar como seria
enfrentar todos os obstáculos novamente. Visitar algumas pessoas era
amedrontador. A escuridão em cada corredor, o silêncio em cada quarto e o
sentido de cada recordação me tiravam a vontade de levantar. Sonhava com o dia
em que recordar os momentos fosse o passatempo de toda a humanidade. No meu
universo, o absurdo correspondia ao fantástico, e o mundo se remodelava a cada
segundo.
O que havia de mais intimista era o que eu via como mais
bonito. Perdi a conta de quantas das minhas noites foram dedicadas a tentativas
de desvendamento do que os olhares das pessoas que eu conversava traziam. Eu
sabia que cada um podia inventar a história que quisesse para sua vida, mas
ficava me perguntando qual o limite que as pessoas davam para suas criações.
Nasci e me criei no lugar em que o calor trazia passagens. E em cada esquina eu podia sentir o coração da cidade. Nos bares antigos, nas paredes desgastadas, nas livrarias quase vazias e, sobretudo, nas bancas de jornais. Cada uma trazia seu aspecto. Os diários estampando suas manchetes e as revistas ostentando suas imagens comerciais faziam as minhas manhãs sorridentes. E eu ficava pensando que estava enlouquecendo, pois não sabia explicar o porquê daquela banalidade me fazer sorrir. Sentia que os jornais exploravam as emoções dos fatos da forma mais poética. Era como se eles fossem fotografias: tomavam cenas estáticas para eternizá-las, como se tempo nenhum fosse capaz de destruir os sentimentos expostos.
Algumas imagens eram captadas como marcantes. O meu olhar
fazia os fatos cotidianos se transformarem em narração de histórias. E em cada
nova história o meu coração terminava se perdendo em um labirinto. Era tudo
difícil, sofrido e complicado. Mas quanto mais me maltratava, mais vontade eu
tinha de reviver. Era estranho, mas deixava minha alma pura. Como meu
sentimento pelos filmes surrealistas. Eu sabia que não era comédia, drama ou
terror. Mas sentia tudo que esse gênero poderia trazer. E foi ali que eu vi que
nada me fazia tão realizado quanto ver ideias absurdas tomando forma.
http://palavreares.blogspot.com.br/