Até há pouco, estranhava o silêncio
daqueles a quem pensava povo brasileiro. Havia apatia e insensibilidade aos
acontecimentos, descaso à miséria e à opressão de muitos e ausência nas
decisões políticas que interferiam diretamente na sua vida. Daí, a necessidade
de sensibilizar e mobilizar, conduzi-lo à arena popular, ocupando o espaço que
a ele pertencia, reivindicando melhorias e defesa das conquistas sociais,
antevendo o país que queríamos ser, o que nos definiria perante o Mundo.
Hoje, nos parece que algo
surpreendentemente mudou: pedíamos vozes, mas vimos emergir o esgoto das ruas,
o discurso da individualidade, do egoísmo, da exclusão, da intolerância, do
oportunismo, da tirania, da tortura e do estupro, numa sabotagem clara dos direitos
humanos, do diálogo, do respeito às diferenças e da justiça social. Do contido
esgoto, odioso recalque, a busca de vantagens pessoais e/ou de classe, de
dominação de gênero e cor, do preconceito e de reconstrução de privilégios de
uma colonial elite de salão.
O Brasil, historicamente golpista (d.
Pedro I, Deodoro, Getúlio, Castelo, Temer...), sabendo que os filisteus não
fogem a luta, nos guardou debaixo do tapete os velhos discursos de censura
ideológica, do conservadorismo familiar, do divino autoritarismo, de “salvação
nacional” pela ordem (leia-se “repressão”) e pelo progresso (leia-se
“alimentação do capital”), num remake vintage da política “revolucionária sem
sangue”, como vangloriavam os EUA, país terrorista que apoiou o Golpe de Estado
de 64.
Usa-se a bandeira, como a exigir
identidade fácil e futebolesca, símbolo de utilidade apenas ao jogo do poder, à
manobra política e interessada que todos os dias somos obrigados a assistir com
naturalidade e impunidade pela lama de machados, jucás, renans e sarneys, com a
certeza de que vem mais frotas por aí. Nas conversas, o GOLPE, que diziam ser
“viagem”, é declarado abertamente, com possibilidade de deter a operação Lava
Jato, na qual sobrará para muitos que orientam o discurso do esgoto, o que está
fazendo que se negociem mais manobras, como a de enfraquecer delações e a de
oferecer a “paz mundial”, como antes, num “Brasil: ame-o ou deixe-o”.
O governo suposto interino, associado a
um legislativo fake e a um judiciário que lava as mãos enquanto tem a pequenez
de negociar aumento em oportunidade de crise, conseguiu emplacar sete ministros
do Lava Jato (foro privilegiado?), indicando também, como líder do governo na
Câmara um dos defensores do Eduardo Cunha, sendo ambos investigados, além de
colocar logo na Justiça e Cidadania um homem com atuação reconhecidamente
repressiva, advogado em mais de 100 processos associados à lavagem de dinheiro
e corrupção pela organização PCC. Até a frase que inspirou o discurso de posse
do temerário conspirador (“Não fale em crise, trabalhe!”) *, sabe-se agora,
pertence a um condenado por tentativa de homicídio, venda de combustíveis
roubados, sonegação fiscal, estelionato e formação de quadrilha. E então, como
querer reação desse esgoto, como querer que ele bata panelas pela educação,
pela moralidade e justiça? Como querer que ele, por sua natureza, não comungue
com essa merda toda?
(*) www.conversaafiada.com.br/politica/homicida-e-sonegador-preso-inspira-temer
Caro, Raymundo Netto, está perfeito esse texto sobre a atual situação do Brasil. Uma triste realidade que nos angustia, mas não nos abate. Estamos a postos para lutar e recuperar o nosso país, com os direitos conquistas, a política social, a tolerância e alegria, que nos foi usurpada por esse golpe disfarçado de impeachment, feitos a muitas e muitas mãos ambiciosas, não só de maus brasileiros, mas também de estrangeiros acostumados a fazer esse jogo golpiya mundo a fora. Viva a Democracia! Viva o Brasil!Fora Temer!Parabéns, Raymundo pelo belo e lúcido texto!
ResponderExcluirCaro, Raymundo Netto, está perfeito esse texto sobre a atual situação do Brasil. Uma triste realidade que nos angustia, mas não nos abate. Estamos a postos para lutar e recuperar o nosso país, com os direitos conquistas, a política social, a tolerância e alegria, que nos foi usurpada por esse golpe disfarçado de impeachment, feitos a muitas e muitas mãos ambiciosas, não só de maus brasileiros, mas também de estrangeiros acostumados a fazer esse jogo golpiya mundo a fora. Viva a Democracia! Viva o Brasil!Fora Temer!Parabéns, Raymundo pelo belo e lúcido texto!
ResponderExcluirValeu, Mônica, pela leitura e reflexão. É isso aí. Continuemos! Abraço.
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