...não fica um! Talvez melhor que não
ficasse mesmo. De certo, não é novidade nenhuma, o Brasil é o país do futebol,
no qual também há corrupção, mas poderia ser o país das bibliotecas, como a
Colômbia, sempre achincalhada pela nossa boçalidade, mas que tem mais leitores
do que nas terras da colônia ararajuba.
A corrupção nesse país abençoado por
Deus só não dói mais do que a impunidade que chega de braços dados com a
ignorância (a nossa), mas curtindo viagens pelo mundo afora em pequenos
banquetes gourmet a preço de meses do suor do trabalhador brasileiro. Digo
trabalhador me referindo àquele que trabalha, pois às vésperas dos 49 anos já
deu para entender que nem todo empregado é trabalhador, assim como nem todo
empresário é capitalista.
O povo brasileiro, não todo, felizmente,
é corrupto. Quer fazer só o que quer, pensando apenas na própria cauda: atravessa
sinais vermelhos, não respeita a faixa de pedestres, guia em alta velocidade
e/ou embriagado, fura filas, empurra as pessoas nos ônibus, inventa formas
engenhosas de não pagar algum item na conta de bar ou restaurante e de receber
seguro-desemprego, sonega impostos, mente, assedia funcionários, joga lixo nas
ruas, não devolve troco errado, não paga condomínio, falsifica carteira ou
documentação para pagar meia entrada em cinemas e casas de espetáculos, sai
para passear com seu cachorro e não coleta seus dejetos e cumpre mais uma série
de outros delitos, para ele pequenos, praticados quase que religiosamente, se
esse é o termo mais adequado a se empregar aqui.
Entretanto, julga o outro, cujos pecados
são sempre maiores. O outro é o grande culpado de nossa infelicidade. O outro não
presta. É ladrão. Ademais, sente-se um obscuro prazer nesse julgamento:
“Ladrão!”
A corrupção enfeita todas as praças
brasileiras. Seja no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Quem faz as
nossas leis são pessoas escolhidas pelo povo. E essas pessoas são corruptas,
escolhidas por uma gama de pessoas sem educação – não confundir instrução com
educação. Que raios de leis podemos esperar? Quem julga e defende essas leis
vende habeas corpus, recebe propina, troca ou atrasa processos e pratica uma coleção
de ações, quase um segundo código civil, de artimanhas e manobras caras para
privilegiar aqueles que têm dinheiro para comprar o sistema, seja inocente ou
não, afinal, não se quer a justiça, mas o direito... ou o esquerdo, se esse
pagar melhor. Aliás, é grande o número de pessoas que cursam o direito para
aprender como burlá-lo.
Em meio à crise econômica e política,
encontramos a crise moral, de interesses mesquinhos, senões e sem-razões a
traçar uma realidade incontestável: se não houver uma reforma política já, o
país vai-se por água abaixo, no nosso caso, quase sem água, mas no fundo do
poço e na lama.
Vivemos um momento de constrangimento.
Exposta a cozinha brasileira para o Mundo. Os líderes das grandes casas, os
seus integrantes, quase todos envolvidos em processos nebulosos diante de uma
justiça tendenciosa, desacreditada, e todos com carta branca para derrubar uma
presidente eleita pelo voto popular. Vergonha é pouco, mas nos resta o consolo:
temos o que merecemos!
Excelente reflexão, Raymundo Netto. Estávamos à beira do abismo e ontem demos "um passo a frente". Agora, estamos em queda livre. Um abraço.
ResponderExcluirObrigado, Klistenes. Ah, e se segure para não se machucar muito. rsrs
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