“Na
vida real, a maioria dos atores de cinema é uma decepção.”
Marlene Dietrich, atriz.
Sou ‘cinemeiro’
inveterado. Na telona dos cinemas e na tevê do meu quarto. Nunca fiz curso de
cinema, mas pertenci ao Clube de Cinema, na sede da Associação Cearense de
Imprensa, ali na Floriano Peixoto com Perboyre e Silva. Darci Costa, meu
professor de inglês no Ibeu, era o dirigente. Havia
conversas e debates. Eu, muito jovem, ouvia. Curioso, comecei a fazer sofríveis
resenhas de filmes aos 15 anos. Estão em diários que, qualquer dia,
reencontrarei.
Depois, já adulto e
consolidando a vida, resolvi montar, com dificuldade, os Cinemas Benfica. São
quatro salas, bem equipadas e que seguem a grade das distribuidoras que mandam.
Não há lucro para os cinemas. Os percentuais brutos para as distribuidoras são
de 40%, 50% e 60%, dependendo dos critérios que elas mesmas impõem. Além disso,
paga-se o ISS, os empregados, os altos custos de energia elétrica e o Ecad, entre outros. Há excessos de meias-entradas e gratuidades.
Quando um projetor para, temos de chamar técnicos do Rio ou São Paulo, por avião, remuneração e diárias. É duro.
Por outro lado, já
ajudei na produção de alguns curtas, mas nada de tão significativo. Deixo um
recado aqui: pretendo fazer, em breve, uma exibição de curtas cearenses. Quem
quiser participar, logo anunciaremos e os interessados poderão entrar em
contato conosco.
Na verdade, este
artigo, além do nariz de cera explicativo, é para dizer de dois filmes que vi
recentemente. O primeiro, em reprise. Não me arrependi.
Trata-se de “Gênio
Indomável”, de 1997, direção de Gus Van Saint. O então jovem ator Matt Damon,
no papel de Will Hunting, membro de turma encrenqueira e sem futuro,
descobre-se gênio ao resolver problema de alta matemática, exposto em lousa em
corredor do Massachusetts Institute of
Technology- MIT. Will era simples prestador de serviços na área de limpeza.
O filme vai em crescendo do qual fazem parte Robin Williams, como um psiquiatra
viúvo e desencantado, e Stellan Skarsgärd, como notável professor de
matemática, detentor do prêmio Fields, uma espécie de Oscar da área.
Não vou dar detalhes,
mas me chamou atenção o desencanto de Robin Williams que, na vida real, se
concretizou. No geral, o filme mostra que alguém superdotado pode, sem fazer
esforço, se destacar e achar isso natural. Há outro fato, esse no campo afetivo.
O encontro do rapaz pobre, encrenqueiro e superdotado com uma herdeira rica e
preparada estudante da Harvard University.
O filme vale à pena.
O outro filme é de
2011. “Intocáveis” é francês. Nada a ver com o seu homônimo americano, com
Robert de Niro. É filme sério-alegre, realizado por Olivier Nakache, que
também produz o argumento. Embora seja comédia dramática consegue, de forma
alegre, mostrar a relação crescente entre um irreverente e improvisado
“cuidador senegalês” (Osmar Sy) e um rico e sofisticado tetraplégico francês,
interpretado por François Cluzet. Mesmo sendo feito em 2011, deixa claro os
guetos em que os imigrantes pobres vivem. Esse fato, além do Estado Islâmico,
estão na raiz dos ataques ao semanário Charlie Hebdo e, posteriormente, nos
atentados em Paris. Chama a atenção que o filme seja baseado em fatos reais, contado
em livro por Philippe Pozzo di Borgo. Foi o filme francês mais rentável em
bilheteria e recebeu muitas premiações.
Com estas duas
indicações, renovo a esperança de que o polo de cinema do Ceará ultrapasse, não
por rivalidade, mas por conteúdo, o já consolidado em Pernambuco.
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