Lançamento (informal)
Duas Odes: Quatorze Fragmentos
Data:
24 de outubro, a partir das 11h, durante o almoço e enquanto houver gente
Local:
Flórida Bar (rua D. Joaquim, ao lado da Livraria Livro Técnico)
Apresentação:
Juarez Leitão
Investimento:
R$ 20,00
Apoio: Clube do Bode
Apoio: Clube do Bode
Sobre a Obra,
por Raymundo Netto:
Meu livro de cabeceira de hoje é o
recém-publicado, e ainda não lançado, Duas
Odes: Quatorze Fragmentos, de Dimas Carvalho.
O autor, que tem uma longa (começou
cedo) e exitosa trajetória, é professor de Teoria Literária na Universidade do
Vale do Acaraú, que aliás é seu torrão natal, e autor de diversas obras, 14 ao
todo, entre poesia, conto, novela, literatura infantil e crítica literária.
Bastante conhecido no meio, foi contemplado
diversas vezes com prêmios no estado do Ceará e no Recife.
Em Duas
Odes... a poesia nos chega sofisticada, densa, extensa e profunda, por
muitas vezes melancólica e clássica, com a “tristeza de uma lua minguante”. Não
por acaso. Acompanhando o poeta, alguns nomes em epígrafes ou em versos nos
indicam a qualidade de sua leitura e influências: Ovídio, Holderlin, Heine,
Camões (sempre), T.S. Eliot, Rilke, Pessoa, entre outros.
Lendo o livro, é impossível também não
perceber do autor a sua clara intenção em abrir os pórticos do Olimpo e nos transportar
ao berço das primeiras manifestações poéticas da cultura ocidental: a
antiguidade greco-romana.
“Paraíso a que chego percorrendo
Tua divina estrada radiosa
E em que resido (quando escrevendo)
Coroado de louros e de rosas”
Em cantos, quase se não em hinos,
ponteados de muito subjetivismo, o poeta se apresenta a tanger uma lira sonora
e harmoniosa em sela de corcel alado. Desposa ninfas, puxa orelhas de sátiros,
copula com Atena e com a poesia, a bebericar néctares nos cabarés de Hades com
Ulisses, a dar ossinhos de frangos a Cérbero ou a incorporar o profeta cego de
Tebas:
“O
olho que não vê, vê mais distante
Do que o olho que vê só o visível
Eu, que fui amado e fui amante,
Sei que a vida é a seara do impossível
O preço de enxergar mais adiante
É navegar nas brumas do impossível”
Assim,
como “água salobra do poço cinzento da minha infância perdida”, ou “ao sorriso
da pedra que dorme e sonha o seu sonho eterno e sem imagens”, o autor revela um
estado de alma em angústia, desencanto e agonia, afirmando que sempre buscou a
sombra, “porque enxerga melhor no escuro”:
“Os deuses são cruéis, a vida é breve
E vai caindo sobre mim a neve
Dos tempos que passaram preteridos
Ouço sinos distantes, que, batendo,
Vão narrando o que foi acontecendo
Na trilha dos meus passos esquecidos.”
Num exercício exitoso de construções e estéticas
variadas, põe na mesa de papel imagens e personagens mitológicas – ele,
excelente contista que é, sabe o valor desse fantástico arsenal, ainda tão
atual – num tabuleiro rico de cores, soluços, gemidos, iniciais alegóricas e
também de exaltação, sempre mais nas estrelas, no mar e nas nuvens do que no
chão terreno e rude, a sonhar com “a mulher distante vestida de vento”
Camões, seu ídolo de tantas falas, a clamar:
“As armas e os Barões assinalados/ que da Ocidental praia Lusitana/ Por mares
nunca de antes navegados/Passaram ainda além da Taprobana”, recebe do bardo da Acaraú
grega o eco: “Submerso em mim mesmo, atravessei/Oceanos, desertos,
tempestades/Vi impérios ruírem, fins de tarde/E outras melancolias que nem
sei...
Poeta, apesar de acreditar que “viver é
coisa de pardais extintos”, desejo longa vida a sua Duas Odes: Quatorze Fragmentos. Que não seja mais “uma âncora profunda
esquecida nos mares gelados do Norte”.
Ave, Dimas!
O poeta Dimas Carvalho, que chamo "Messiê Dimá" - meu dileto amigo, mistura erudição honradez e doçura com um senso de humor impagável. Bela resenha, Raymundo Netto.
ResponderExcluirObrigado, Cris. Que messiê Dimá tenha gostado também. rsrsr Abraço.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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