terça-feira, 20 de outubro de 2015

Lançamento de "Duas Odes: Quatorze Fragmentos", de Dimas Carvalho (24 de outubro)


Lançamento (informal) Duas Odes: Quatorze Fragmentos
Data: 24 de outubro, a partir das 11h, durante o almoço e enquanto houver gente
Local: Flórida Bar (rua D. Joaquim, ao lado da Livraria Livro Técnico)
Apresentação: Juarez Leitão
Investimento: R$ 20,00
Apoio: Clube do Bode

Sobre a Obra, por Raymundo Netto:
Meu livro de cabeceira de hoje é o recém-publicado, e ainda não lançado, Duas Odes: Quatorze Fragmentos, de Dimas Carvalho.
O autor, que tem uma longa (começou cedo) e exitosa trajetória, é professor de Teoria Literária na Universidade do Vale do Acaraú, que aliás é seu torrão natal, e autor de diversas obras, 14 ao todo, entre poesia, conto, novela, literatura infantil e crítica literária.
Bastante conhecido no meio, foi contemplado diversas vezes com prêmios no estado do Ceará e no Recife.
Em Duas Odes... a poesia nos chega sofisticada, densa, extensa e profunda, por muitas vezes melancólica e clássica, com a “tristeza de uma lua minguante”. Não por acaso. Acompanhando o poeta, alguns nomes em epígrafes ou em versos nos indicam a qualidade de sua leitura e influências: Ovídio, Holderlin, Heine, Camões (sempre), T.S. Eliot, Rilke, Pessoa, entre outros.
Lendo o livro, é impossível também não perceber do autor a sua clara intenção em abrir os pórticos do Olimpo e nos transportar ao berço das primeiras manifestações poéticas da cultura ocidental: a antiguidade greco-romana.
“Paraíso a que chego percorrendo
Tua divina estrada radiosa
E em que resido (quando escrevendo)

Coroado de louros e de rosas”

Em cantos, quase se não em hinos, ponteados de muito subjetivismo, o poeta se apresenta a tanger uma lira sonora e harmoniosa em sela de corcel alado. Desposa ninfas, puxa orelhas de sátiros, copula com Atena e com a poesia, a bebericar néctares nos cabarés de Hades com Ulisses, a dar ossinhos de frangos a Cérbero ou a incorporar o profeta cego de Tebas:
 “O olho que não vê, vê mais distante
Do que o olho que vê só o visível
Eu, que fui amado e fui amante,
Sei que a vida é a seara do impossível

O preço de enxergar mais adiante
É navegar nas brumas do impossível”

Assim, como “água salobra do poço cinzento da minha infância perdida”, ou “ao sorriso da pedra que dorme e sonha o seu sonho eterno e sem imagens”, o autor revela um estado de alma em angústia, desencanto e agonia, afirmando que sempre buscou a sombra, “porque enxerga melhor no escuro”:
“Os deuses são cruéis, a vida é breve
E vai caindo sobre mim a neve
Dos tempos que passaram preteridos

Ouço sinos distantes, que, batendo,
Vão narrando o que foi acontecendo
Na trilha dos meus passos esquecidos.”

Num exercício exitoso de construções e estéticas variadas, põe na mesa de papel imagens e personagens mitológicas – ele, excelente contista que é, sabe o valor desse fantástico arsenal, ainda tão atual – num tabuleiro rico de cores, soluços, gemidos, iniciais alegóricas e também de exaltação, sempre mais nas estrelas, no mar e nas nuvens do que no chão terreno e rude, a sonhar com “a mulher distante vestida de vento”
Camões, seu ídolo de tantas falas, a clamar: “As armas e os Barões assinalados/ que da Ocidental praia Lusitana/ Por mares nunca de antes navegados/Passaram ainda além da Taprobana”, recebe do bardo da Acaraú grega o eco: “Submerso em mim mesmo, atravessei/Oceanos, desertos, tempestades/Vi impérios ruírem, fins de tarde/E outras melancolias que nem sei...
Poeta, apesar de acreditar que “viver é coisa de pardais extintos”, desejo longa vida a sua Duas Odes: Quatorze Fragmentos. Que não seja mais “uma âncora profunda esquecida nos mares gelados do Norte”.

Ave, Dimas!

3 comentários:

  1. O poeta Dimas Carvalho, que chamo "Messiê Dimá" - meu dileto amigo, mistura erudição honradez e doçura com um senso de humor impagável. Bela resenha, Raymundo Netto.

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  2. Obrigado, Cris. Que messiê Dimá tenha gostado também. rsrsr Abraço.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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