Guy de Maupassant (agosto
de 1850 - julho de 1893)
O conto é uma obra de ficção que cria um
universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os
textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e
enredo. Em Angola e Moçambique é comum o termo "estória" para se
referir a "conto".
Classicamente, diz-se que o conto
se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o
conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um
clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não
acontece com o conto. O conto é conciso.
Alguns pontos a refletir, aceitar ou não, na hora de escrever um conto:
1.
Prender o interesse do leitor; evitar ser chato:
Pense em
Aristóteles, para quem a catarse, enquanto experiência vivida pelo espectador
ou ouvinte, é condição fundamental para definir a qualidade de uma obra.
2.
Usar, se possível, frases curtas:
A clareza
vem do cuidado com a estruturação da frase: as intercalações excessivas
prejudicam a compreensão da ideia. Pense em Barthes: “A narrativa é uma grande
frase, como toda a frase constitutiva é, de certa forma, o esboço de uma pequena
narrativa", (em Introdução à
análise da narrativa).
3.
Capítulos e parágrafos curtos, para o leitor poder
respirar
Evitar
muitas personagens, descrições longas, rebuscamentos, adjetivações, clichês,
repetição de palavras.
4.
Trama/enredo/tema ou estilo, original
Pense em
Ricardo Piglia: “Pode-se programar a trama, os personagens, as situações, conhecer
o desenlace e o começo, mas o tom em que se vai contar a história é obra de
inspiração. Nisso consiste o talento de um narrador”, (O laboratório do escritor).
5.
Se possível usar ironia, humor, graça e ser
verossímil
Ser
verossímil é importante, mas não devemos confundir verossimilhança com verdade;
a história não tem de ser obrigatoriamente verdadeira, mas parecer que o é.
Mesmo assim sua importância é discutível. Segundo Álvaro Lins, Graciliano Ramos
tem como “defeito” justamente a inverossimilhança que, de acordo com o crítico,
é mais “visível” em Vidas secas e São Bernardo, dois clássicos
insuspeitos. No Vidas secas esse
“defeito” estaria no discurso das personagens (discurso
indireto livre), pois tal recurso teria provocado um excesso de introspecção das
personagens, tão rústicas e primárias (até Baleia, a cadela do romance, tem seu
“monólogo interior”). No São Bernardo
o “problema” estaria no fato de um homem rústico, como Paulo Honório, construir
uma narrativa tão perfeita em termos literários. Conta-se que, uma vez, Matisse
mostrou a uma senhora um quadro em que havia pintado uma mulher nua; sua
visitante retrucou: “Mas uma mulher nua não é assim”. E Matisse: “Não é uma
mulher, minha senhora, é uma pintura”. Será que na sua análise em busca do perfeito,
Álvaro Lins (que tinha Graciliano em alta conta) não teria percebido que Paulo
Honório não é um homem, mas uma pintura?
6.
Ler, de preferência, os clássicos
Não se é
escritor sem ser leitor. Pense em
Sartre: “Mas a operação de escrever implica a de ler... e esses dois atos
conexos necessitam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor
com o leitor que fará surgir esse objeto concreto e imaginário que é a obra do
espírito”. (op. cit.) Pense também em
Faulkner: ler, ler, ler, ler, ler... Em Escritores
em ação, Georges de Simenon (1903-1989) dá a “fórmula” para se escrever uma
boa prosa: “Corte tudo que for literário demais; adjetivos e advérbios e todas
as palavras que estão lá só para causar efeito. Escrever é cortar. Escrever não
é uma profissão, mas uma vocação para a infelicidade e essa professora é uma
puta vadia!"
Para ler mais desse texto sobre CONTO, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Conto
Costumava usar longas frases e estou perdendo esse vício. Preocupo-me muito tb com repetição de palavras. Enxugar o texto é primordial. Cortar gorduras.
ResponderExcluirObrigada pela aula. Volte sempre! Bjs