TEATRO B
Teatro B. de Paiva. Era este o título
de um artigo meu, publicado pelo jornal O
POVO, em 23 de janeiro de 2011. Reivindicava essa denominação para o Teatro
situado entre as duas salas de cinema do Centro Cultural Dragão do Mar, espaço
que, aliás, ainda em 2018 continua sem um nome específico.
Porém,
agora, com a instalação do projeto Porto Dragão nas dependências do antigo Sesc
Iracema (Rua Boris) a figura de B . de Paiva é lembrada para denominar a sala
de espetáculos que Dane de Jade e eu implantamos em 3 de outubro de 2005, com
material cênico oriundo do Teatro Radical que encerrara atividades em 2000.
Nesta data encenei ali o solo “A Divina Comédia de Dante e Moacir” e no dia
seguinte iniciei sob o patrocínio do Sesc um projeto de orientação de
dramaturgia e encenação denominado Interlocução
Teatral.
A
homenagem ao teatrólogo cearense B. de Paiva procede. E recomendável seria que
o Governo do Estado pudesse comprar o prédio, pois a sua ocupação via aluguel
não garante de todo a sobrevivência da iniciativa.
B. DE PAIVA
B.
de Paiva (de 1932) é de Fortaleza. Em Teatro, sua trajetória começa nos anos
1940, como ponto, soprando as falas dos atores no Conjunto Sacro-Dramático do
velho Rufino Gomes de Matos. Era, então, àquela época, apenas o Zé Maria da
dona Mazé do Seu Paivinha. A denominação B. de Paiva surgiria na década 1950,
sob a inspiração de Cecil B. de Mille. Antes, José Maria Bezerra Paiva, aquele
Zé franzino, da perna torta, uma espécie de Mané Garrincha do teatro, vivia
mambembeando pelos círculos operários, como um aprendiz de Dionisos.
Gerado
na escuridão dos porões da ribalta e parido pelo ventre iluminado à meia luz do
buraco do ponto, esse dramaturgo, ator, diretor teatral esteve de 1954 a 1959
trabalhando com Paschoal Carlos Magno no Rio de Janeiro, e, em 1960, voltou à
sua pátria-cidade para criar o Curso de Arte Dramática da UFC. Aqui, dirigindo
o Teatro Universitário e a Comédia Cearense, liderou não apenas o movimento das
artes cênicas do Ceará (até 1967), mas também o processo pela criação em
Fortaleza da primeira Secretaria da Cultura do Brasil. Depois, outra vez
radicado no Rio, fez-se diretor do Conservatório Nacional de Teatro e,
posteriormente (1974-1977), reitor da FEFIERJ (berço da UNI-Rio), quando então
tornou-se um dos precursores da implantação do ensino universitário de Teatro.
No
início dos anos 1980, e por toda a década seguinte, o nosso B. passou a viver
em Brasília onde dirigiu a Fundação Brasileira de Teatro, implantada por
Dulcina de Moraes.
B. de Paiva protagonizou, no início do século XXI, ações culturais da Universidade Federal do Ceará e também dirigiu, por certo tempo, o Colégio de Direção do Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura que agora o homenageia.
B. de Paiva protagonizou, no início do século XXI, ações culturais da Universidade Federal do Ceará e também dirigiu, por certo tempo, o Colégio de Direção do Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura que agora o homenageia.
ACERVO
Atualmente B. De Paiva reside em Fortaleza. Seu acervo
(livros, fotos, filmes, vídeos, documentos, cartazes, programas etc.) continua,
no entanto, encaixotado no Distrito Federal. Deveria ser assumido pelo Estado,
via Secretaria da Cultura. Poderia até estar exatamente no mesmo centro
cultural que agora sedia o Teatro B.de Paiva.
Ricardo
Guilherme
ator, dramaturgo, contista e pesquisador da memória do teatro
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