Estive em Sobral, a convite da equipe
organizadora da sua 1ª Feira do Livro: Mendes Jr (contista, autor de O Engraxate e Outros Suicidas),
Margarida Melo e Yves Gurgel.
A primeira reunião com a Margarida e o Yves, momento
em que os conheci, deu-se na casa de Socorro Acioli, também convidada da Feira,
assim como também o seria a Ana Miranda, entre outros, mais tarde.
A ação, a primeira do gênero e que tomou 3 dias do
Centro de Convenções, para minha surpresa, surgiu a partir da Secretaria do
Trabalho e Desenvolvimento Econômico, e não da Cultura, ou mesmo da Educação,
como usualmente se espera quando se trata de administração pública, embora
essas secretarias tenham sido mencionadas e assinassem como parceiras.
A Feira teve início no dia 7 de novembro e trouxe,
como “isca”, uma atração midiática, o quadrinista e empresário Maurício de
Sousa, cujas revistas servem, serviram e servirão durante muito tempo como
porta de entrada para muitos candidatos a leitores não apenas brasileiros (até
há pouco, a Turma da Mônica Jovem era
a revista em quadrinhos mais vendida na China).
A programação contou com lançamentos, bate-papos, contação
de histórias, oficinas, saraus, mesas-redondas, apresentações musicais, mesas
de RPG, estandes de vendas de livros e de exposição, que inclusive acolheram o
Grupo Literário Pescaria, que tem à frente o poeta, ator e produtor cultural
Mailson Furtado, a Associação Cearense de Escritores, contando com a
participação de Silas Falcão, Nice Arruda, Lucirene Façanha, Cícero Almeida e
outros, como o poeta Lucarocas, o cantador Geraldo Amâncio, o aboiador Chico
Neto etc. A Câmara Cearense do Livro (de editoras associadas), a Editora Imeph,
as Edições UVA, assim como a Livraria Pensar (me parece ser a única livraria da
cidade) e a Wizard (realizou oficina gratuita de línguas estrangeiras) também
tinham seus estandes ativos durante os 3 dias.
Indispensável a presença da equipe da Biblioteca
Municipal Lustosa da Costa, parceira valorosa de qualquer ação que se refira a
livros e à leitura na região. A amiga Aninha Linhares, como sempre, estava entusiasmada
com as atividades.
Lá, além de passear pelos estandes e conversar com
mais folga com amigos – o que me faz uma falta danada (conheci pessoalmente o
poeta Inocêncio Melo e, apresentada pela Marília Lovatel, a professora Kátia
Cavalcante)– assisti aos gostosos bate-papos com a Socorro Acioli e Ana
Miranda, esta mediada por Mendes Jr (contagiantemente emocionado e apaixonado
pelo trabalho desenvolvido), e aos lançamentos de livros de Renato Pessoa (O Homem do Último Dia do Mundo), Célia
de Oliveira (Recôndito das Pérolas), Marília
Lovatel (Sob o Sol de Sobral), além
do enésimo lançamento da coletânea Para
Belchior com Amor, organizada por Ricardo Kelmer, que contou com a presença
do poeta e contista Joan Edesson e o prof. Vicente Jr.
O audiovisual teve espaço com programação
específica, coordenada pela Ryo Produções, que apresentou, entre os convidados,
o quadrinista Zé Wellington e a sua oficina de Storytelling. Lá, também apresentado
o documentário “A História das HQs no Ceará”, da Fundação Demócrito Rocha. Assim,
também nos era possível ver a miniexposição “Afetografia: escrevendo Sobral com
luz”.
Cabe-nos mencionar as iniciativas de campanha de
esquecimento de livros pelos espaços públicos da cidade e as atividades preparatórias
à ação, como oficinas, debates, contação de histórias etc., que aconteceram em
espaço reservado no North Shopping Sobral. Uma espécie de “Feira fora da Feira”,
em analogia à proposta da “Bienal fora da Bienal”, que acontece em algumas
edições em Fortaleza. Aliás, seria muito interessante que essas ações
perdurassem, como intervenções em shoppings, praças, escolas e faculdades,
independentemente de se ter a promoção de uma ação “macro”.
Entre as minhas lembranças da Feira, participei de
um despretensioso e largo bate-papo itinerante Fortaleza-Sobral/Sobral-Fortaleza
com a escritora Ana Miranda, cujo única plateia era Pedro Linhares, motorista-leitor,
a quem não poderia deixar de ofertar um livro. Assim, como o fiz com a
historiadora Vânia e a professora Cássia Sá, jovens leitoras que tive o prazer
de conhecer em Sobral.
Espero realmente que cada vez mais os municípios
do país, cada um deles, criem seu momento de difusão do livro, enquanto instrumento
de desenvolvimento pelo gosto pela leitura, por crer na sua prática como elemento
indispensável para a transformação social.
A Feira, a primeira edição, como todo empreendimento, mesmo os já estabelecidos em nosso calendário cultural, carece de atenções e ajustes, de estruturação e planejamento contínuos de estratégias eficientes, além do envolvimento de agentes das cadeias criativas, produtivas do livro e mediadores de leitura, coisa que a própria evolução e essa cultura exigem (quem é realmente do meio sabe o quanto iniciativas como essas têm de ser valorizadas e apoiadas). Nada que envolva o universo cultural sobrevive sem diálogo e sem engajamento desses agentes, pois somos, ao final, um só corpo, mesmo quando alguns optem em tornar-se sequestro, sonharem-se vaga-lumes, ou finjam que não é com eles, quase em autofagia, atrasando o florescente futuro leitor e humano que todos esperamos e ansiamos em nosso país.
A Feira, a primeira edição, como todo empreendimento, mesmo os já estabelecidos em nosso calendário cultural, carece de atenções e ajustes, de estruturação e planejamento contínuos de estratégias eficientes, além do envolvimento de agentes das cadeias criativas, produtivas do livro e mediadores de leitura, coisa que a própria evolução e essa cultura exigem (quem é realmente do meio sabe o quanto iniciativas como essas têm de ser valorizadas e apoiadas). Nada que envolva o universo cultural sobrevive sem diálogo e sem engajamento desses agentes, pois somos, ao final, um só corpo, mesmo quando alguns optem em tornar-se sequestro, sonharem-se vaga-lumes, ou finjam que não é com eles, quase em autofagia, atrasando o florescente futuro leitor e humano que todos esperamos e ansiamos em nosso país.
Para quem perdeu encontra aqui um retrato (em palavras) da Primeira Feira do Livro de Sobral.
ResponderExcluirObrigado, Lira, pela leitura.
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