Fim de semana é
muito tempo. Enjoado do que vejo na televisão, vou aos jornais. Na “Ilustrada”
(12.03.2016), Folha de S. Paulo, leio
que saiu agora, em português, pela Companhia das Letras, o livro A Conexão Bellarosa: quatro novelas, de
Saul Bellow, filho de judeus russos fugidos das conflagrações que deram origem ao
bolchevismo, em 1917, na imperial terra soviética.
Nascido em
Montreal, no Canadá, em 1915, mudou-se, com a família na metade dos anos vinte,
para Chicago. Viveu a “Grande Depressão”, dos anos trinta. Os seus pais
fomentaram nele a ideia de que naquele lugar havia a possibilidade de crescer
na escala social. Era antropólogo, professor da Universidade de Chicago e escritor
consagrado com o Nobel, em 1976. Faleceu em 2005.
Paro um pouco. Vou
às minhas desarrumadas estantes e encontro um livro de Saul Bellow, lido há
anos: Tudo Faz Sentido: do passado
obscuro ao futuro incerto. Não é romance. É compacto de textos literários
seus, de observações sobre vida, pessoas e viagens; palestras mundo afora e o
encontro com o tempo, pois escrito na velhice, depois dos prêmios Pulitzer e
Nobel, dos anos setenta.
O livro Tudo Faz Sentido já está com a fenda
perpendicular das traças. Nele, encontro páginas que apontei com lápis, as
quais me permiti reler, enquanto buzinas, fanfarras, gritos e palavras de ordem
desordenavam a quietude da noite de sábado e o dia de domingo.
Chicago deu a
Bellow várias visões. Primeiro, a da sua rua, onde famílias judias e de outras
etnias moravam. Daí vai se alargando com as transformações que a cidade passava,
erigindo novos pontos de encontros em diversas mudanças urbanas acontecidas.
Depois, o mundo.
No Tudo Faz Sentido está incluído o longo, erudito, bom, embora prolixo
discurso que proferiu, em 1976, ao receber o Prêmio Nobel. Ele começa: “Há mais
de quarenta anos, eu era um homem sem diploma universitário e muito
voluntarioso. Certo semestre me inscrevi num curso sobre Dinheiro e Técnica
Bancária e me concentrei na leitura nos livros de Joseph Conrad. Nunca me
arrependi disso”. E se estende sobre o escritor Joseph Conrad, também imigrante,
e outros autores. Divaga.
Volto à Folha. Nela há realce para a amizade de
Bellow com o escritor e acadêmico Allan Bloom. Remexo na página 317 de Tudo Faz Sentido. Lá, quando da morte do
amigo, em 1992, Bellow afirma, em discurso: “Conheci e admirei muitas pessoas
extraordinárias na vida que me foi dada, mas ninguém mais extraordinário do que
Allan Bloom”.
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