Domingo, dia 18 de outubro, às 17h,
deu-se o início da Assembleia Extraordinária convocada pelos meios mais
alternativos e democráticos possíveis para que os segmentos artísticos e
culturais, ora representados, dessem a devida resposta à não-proposta recebida
da encastelada prefeitura de Fortaleza, cujo fosso piranhoso é banhado pelo sufocado
riacho Pajeú.
A Prefeitura em sua não-proposta nos assegura
que nada pode fazer a respeito de aumentar o valor superestimado do seu Edital
de um milhão de reais, que deverá ser distribuído para fomentar 13 (treze)
linguagens artísticas, após três anos de seca e de aridez de ações e de
abundantes promessas. Mas, em toda sua benevolência, garantiria que se todos os
manifestantes se retirassem da ocupação do prédio da SecultFOR, ele, prefeito,
daria entrada em processo junto à Câmara de Vereadores com o objetivo de que o
tal Edital de Artes se reverta em lei, havendo então a possibilidade de esticar
um pouquinho a baladeira numa próxima vez, provavelmente mais próxima de sua
frágil candidatura à reeleição. Ora essa, se até o Cid Gomes, seu padrinho,
padroeiro e incubador, afirmou a respeito da cria que “não se viabilizará [a
reeleição] se não intensificar as ações em Fortaleza”... Entretanto, o jovem
aquarista, tinha que dar o mau conselho, orientando que RC consolide alianças
com vários partidos, até os de menor expressão, para tentar chegar à reeleição.
Errou, Cid. O voto vem do povo. Não se deve administrar para partidos, não se
deve buscar acordões, conchavos, coletar moeda podre em recursos de campanha,
mas o gestor público deve trabalhar para o povo, em prol do povo, da qualidade
de vida do povo, da construção de uma sociedade mais justa, mais livre, menos
desigual, mais humana.
Roberto Cláudio diz não ter um centavo a
mais para investir em cultura, mas é sobejante o investimento em publicidade,
enchendo a nossa cabeça com aquela grudenta musiquinha que diz que quando o
trabalho é pra valer, todo mundo gosta, todo mundo vê. Pois o que todo mundo vê
hoje é um grande e imenso nada. E essa recusa não se dirige apenas aos artistas
e produtores culturais locais, mas a todo cidadão consciente que se vê privado
de seu direito fundamental à cultura.
Os representantes da categoria artística
alojados pacífica e temporariamente na SecultFOR mantém um comportamento digno
de cidadãos que são, mas diante da truculência comum à nossa boçal tradição
executiva, legislativa e judiciária, temem a reação abusiva da milícia
colonial, vulgo “polícia”, ao que devemos estar atentos: NÃO ADMITIMOS
REPRESSÃO!
Ontem, meus amigos, após três horas de
discussão e de encaminhamento de propostas da assembleia lotada e diante de
mais de 1.100 assinaturas de cidadãos fortalezenses artistas ou não favoráveis
ao movimento, ainda é desestimulador saber pela coluna de Eliomar de Lima, em O
POVO, que esse mesmo prefeito que nos nega em silêncio o que é de nosso
direito, alegremente anuncia um festejado réveillon em 2015 com a presença de
Luan Santana (entre os 10 Top Shows mais caros do Brasil) e do Zé Ramalho. Sem esquecer que os 15 minutos de queimação de fogos na praia de Iracema (custa cerca de 1 milhão de reais) dava para tirar muitos meninos e meninas das ruas, colocando-os, quem sabe, para brilhar num palco de dignidade.
Assim não dá para defender você, SecultFOR... Melhora!
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