Lançamento
Romeu na Estrada, de Rinaldo de Fernandes
Data:
15 de julho de 2015, às 19h
Local:
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Sobre a obra: Romeu na Estrada narra, no seu plano principal,
uma noite de viagem de Romeu num ônibus. Nessa viagem o protagonista vai
recordando dos dois grandes amores de sua vida, Sofia e Ângela, e da relação
dele com os familiares, especialmente com o afetuoso e humorado avô, após ter
perdido o pai. Um caso de paixão misterioso, perverso, envolvendo duas pessoas
próximas de Romeu e marcando decisivamente o destino do protagonista, é deixado
para ser revelado no final. Mais uma vez, como em Rita no Pomar, o
aplaudido romance anterior de Rinaldo de Fernandes, finalista do Prêmio São
Paulo de Literatura de 2009, há no desfecho uma peripécia que altera os rumos
da história, surpreendendo o leitor.
Romeu é um professor universitário de Música que mora em São Paulo. Um
membro importante de sua família foi, nos anos 70, no Recife, um implacável
torturador. Um dos capítulos chega a narrar, do ponto de vista do protagonista,
o famoso Atentado dos Guararapes, no qual uma bomba foi detonada no dia em que
chegaria ao Recife o general Costa e Silva. Por causa da bomba, o general foi
obrigado a descer no aeroporto de João Pessoa e seguir por terra para o
Recife.
Embora com esse fundo histórico, Romeu na Estrada é,
antes de tudo, uma dilacerante história de amor. Ou um livro sobre a paixão e
suas penúrias. Ou ainda sobre a solidão e seus desassossegos. E lança as
questões: Toda traição é igual? Há um tipo de traição pior do que a traição
amorosa?
O posfácio de Luciano Rosa, doutor em Letras pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, ajuda a iluminar elementos importantes deste romance que, se
desenvolvendo a partir de dois núcleos principais, tem uma forma fragmentada e original:
a atraente mas sofrida história de Ângela, paixão da juventude de Romeu,
alternando-se, a partir de certo momento, com a de Sofia, amor da maturidade do
protagonista, configura uma “narrativa em abismo” (“mise en abyme”), ou
seja, uma segunda história posta numa primeira; a história de Ângela espelha,
em certos aspectos aos quais o leitor deve ficar atento para melhor
capturá-los, os sentidos da história de Sofia, numa articulação sutil e
magistral do romancista.
Enfim, um romance denso, muito inteligente, incisivo, poético.
Luciano Rosa escreve no posfácio: “Interpolando penúria e estabilidade
financeira, vida mambembe e solidez profissional, investimentos amorosos e
falências afetivas, aconchego familiar e conluio perverso, a trama alegoriza o
que há de aleatório e imponderável em nossas aventuras e desventuras
particulares”.
Sobre o Autor: Rinaldo de Fernandes é escritor premiado, doutor em Teoria e História Literária pela UNICAMP e
professor de literatura da UFPB. Publicou os livros de contos O perfume
de Roberta (Rio de Janeiro: Garamond, 2005), O professor de
piano (Rio de Janeiro: 7Letras, 2010) e Confidências de um
amante quase idiota (Rio de Janeiro: 7Letras, 2012) e os
romances Rita no pomar (Rio de Janeiro: 7Letras, 2008 –
finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e do Prêmio Passo Fundo Zaffari
& Bourbon) e Romeu na estrada (Rio de Janeiro: Garamond,
2014). Organizou as coletâneas O clarim e a oração: cem anos de Os
sertões (São Paulo: Geração Editorial, 2002), Chico
Buarque do Brasil: textos sobre as canções, o teatro e a ficção de um artista
brasileiro (Rio de Janeiro: Garamond/Fundação Biblioteca Nacional,
2004), Contos cruéis: as narrativas mais violentas da literatura
brasileira contemporânea (São Paulo: Geração Editorial, 2006), Quartas
histórias: contos baseados em narrativas de Guimarães Rosa (Rio de
Janeiro: Garamond, 2006), Capitu mandou flores: contos para Machado de
Assis nos cem anos de sua morte (São Paulo: Geração Editorial,
2008), 50 versões de amor e prazer (São Paulo: Geração
Editorial, 2012) e Chico Buarque: o poeta das mulheres, dos desvalidos
e dos perseguidos – ensaios sobre a mulher, o pobre e a repressão militar nas
canções de Chico (São Paulo: LeYa, 2013). Já participou de antologias
de contos como Futuro presente: dezoito ficções sobre o futuro (Rio
de Janeiro: Record, 2009 – org. Nelson de Oliveira), 90-00: cuentos brasileños
contemporáneos(Lima: PetroPeru/Ediciones Cope, 2009 – org. Maria Alzira
Brum Lemos e Nelson de Oliveira), Tempo bom (São Paulo:
Iluminuras, 2010 – org. Sidney Rocha e Cristhiano Aguiar), entre outras. Seu
conto “Beleza”, concorrendo com cerca de 1.200 textos de todo o país, obteve o
primeiro lugar no Prêmio Nacional de Contos do Paraná (2006), um dos mais
tradicionais de nossa literatura. Entre os ensaístas e pesquisadores que já
abordaram a sua ficção, podem ser destacados Silviano Santiago, Silvia
Marianecci (Itália) e Regina Zilberman. Atualmente é colunista do jornal de
literatura Rascunho, de Curitiba, e do Correio das Artes,
de João Pessoa.
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