Já
fui presente de Natal pra alguém, literalmente. Um serzinho bem embaladinho que
não tinha pra onde ir e que felizmente encontrou um lindo lar e fez um casal,
que já era feliz, mais feliz 4 dias depois dessa tal festa de celebração.
Acho
que uma das poucas histórias bíblicas de que gosto é a do nascimento, não pelo
peso que ganhou com o tempo, nem pela vendagem que tem hoje. Gosto pela
singeleza que foi contar uma linda história de adoção e que tantos não veem
assim, mas eu me identifico um bocado. Não foi em berço de ouro, nem pompa e
nem luxo, mas a chegada teve um carinho tão imenso, um amor tão grande, que fez
todo o resto ter sido só uma noite, uma noite difícil, mas só mais uma noite
qualquer.
Nunca
me senti muito bem no Natal “em família”, porque tinha um misto de falsidade e
desmerecimento do afeto mais singelo e simples. Tudo era transformado em pompa,
uma falsidade qualquer de quatro horas e que depois era evidente não mais
existir. Esse ano, depois de muito tempo, não vou viver isso, esse ano vou
(re)viver a primeira vez do presente, simples e singelo de estar num lar amado
e real que é o de todos os dias, com os seus problemas, suas risadas, as
dificuldades e as superações do dia a dia.
Natal
não é sobre dar presente físico ou não, é realmente sobre o amar sem receber,
um carinho gratuito e um gesto que muda, não vai tá lá pra sempre, mas enquanto
esteve foi lindo, foi sempre verdadeiro, foi real. Se um dia eu fui um serzinho
embalado e fofinho, pra felicidade não só de quem me recebia, mas principalmente
a minha de ser amada e aceita por igual. Desejo sempre que as pessoas adotem,
não só no Natal, a possibilidade da sinceridade de si, por mais difícil que ela
seja. Não deve ter sido fácil presentear essa outra família, mas foi
verdadeiramente um ato de amor, sem esperar troca ou algo de volta. Sem ter
nenhum aplauso.
Nem
sempre ter um filho significa “adotá-lo”. Adotar é “tomar e colocar pra si um
outro alguém”, um outro ser que passa a ser parte daquele lugar, daquela
família, daquele amor. É um amor incondicional e real de dizer que aquele ser
faz parte de uma vida nova com você.
Sou
muito grata por esses dias de agora. Por muito me perguntei o porquê, hoje
tento seguir fazendo minimamente feliz a mim, sem esperar o porquê ou uma troca
qualquer. É preciso simplesmente amar. Sou feliz por adotar minha família como
peça-chave pra mim, sou feliz por tê-la até hoje me amando assim gratuitamente,
incondicionalmente, até e principalmente nas nossas diferenças.
Feliz
dia de amar. Feliz dia de ser para si, para o outro, que sinaliza que precisa
ou não. Feliz dia do afeto gratuito!
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