Acabou-se a esbórnia. Escrevo nesta quarta, cinza por chuvas que caem em meio a uma cidade que se repovoa depois de quatro dias de sandices. Para que serve mesmo o carnaval? Pergunta um amigo filósofo. Sei não. Apenas sei que é atrelado à quaresma, essa trégua cristã de quarenta dias que, quase sempre, termina em outros feriados não tão santos. A propósito, a CNBB,da Igreja Romana, lançou agora a Campanha da Fraternidade deste ano: Discutir a vida no nosso planeta. A vida eterna fica para depois. Do Rio, Danuza Leão resmunga contra a falta de sentido dos espetáculos do Sambódromo e faz crer que ele apenas é reduto de bicheiros, traficantes, figurantes, celebridades (ela que o foi no século passado, fala de cátedra) e de turistas incautos e insones com as nádegas anestesiadas, enquanto Roberto Carlos e Gisele Bundchen são mostrados com exclusividade por uma rede de televisão. Acabou a festa. Limpe-se o que foi sujo. A presidente Dilma voltou da “Barreira do Inferno”, seu local escolhido para descansar no Rio Grande do Norte. Deveria lançar foguetes contra certos políticos. Enquanto isso, cervejeiros foram presos no Rio de Janeiro por fazer xixi nas ruas. Alegam, alguns dos detidos, que as cabinas plásticas são como celas de presídio, pequenas e sujas. Devem saber do que falam. O ex e futuro candidato a candidato a presidente, Aécio Neves, aparece em feijoada boca livre com a camisa estampando a palavra "devassa" e é alvo de beijos encomendados ou espontâneos. Romário, o deputado federal, agora de passaporte diplomático, faz o que gosta: aproveita o carnaval para jogar futebol com amigos em país que integrava a URSS. Bruna, a surfistinha é vista por todos, até pelo Contardo Calligaris, psicanalista e cronista, que diz ter gostado do filme. Leonilson, artista cearense, nascido no Benfica, morto em 1993, aos 36 anos, ocupa página inteira da Folha. Na sua terra quase não se fala dele. Há uma escultura sua na Beira Mar da Praia de Iracema. Maria Luiza Fontenele e Rosa da Fonseca aproveitam o público da Domingos Olímpio e divulgam sua utopia em folhetos. Por falar em utopia, a feminista Rose Maria Muraro(lembram dela?), aos 80 anos, prepara o seu 36º. Livro: Um mundo ao alcance de todos. Quando será isso? Um carro, dirigido por mulher, se recolhe ao leito do canal da Aguanambi de pneus para cima. Ninguém morreu, ainda bem. Nos condomínios lotados da orla leste caminhões limpa-fossas recolhem dejetos, deixam olores no ar e respingos nas estradas. Jovens morrem no país inteiro. Só na Bahia, de todos os santos e axés, foram 4.120 atendimentos em postos de saúde. O péssimo livro A Cabana, de William P. Young, continua entre os mais vendidos, certamente para pessoas que deveriam aprimorar a leitura. Raymundo Netto prossegue com sua boa e “serial” crônica “Coisas engraçadas de não se rir”. O Dia da Mulher, terça, 08, foi lembrado por poucos. Estavam quase todos invocando Baco. Evoé. Parabéns a todas as mulheres, construtoras de um mundo sem limites neste século 21.
Nenhum comentário:
Postar um comentário