quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Lançamento "Nem Um Dia Sem Uma Linha" de Joan Edessom de Oliveira (01.10)

A Prefeitura Municipal de Sobral, por meio da
Secretaria da Educação e da Escola de Formação Permanente do Magistério, e o
Grupo de Pesquisa História e Memória Social da Educação e da Cultura da Universidade Estadual Vale do Acaraú/UVA
convidam para o lançamento do livro:
Nem Um Dia Sem Uma Linha:
a oficina de trabalho do Padre Osvaldo Carneiro Chaves

do professor, poeta e escritor
JOAN EDESSON DE OLIVEIRA

O autor e a obra serão apresentados pela
Profa. Izolda Cela,
Secretária da Educação do Estado do Ceará.

1º de outubro de 2009, às 19 horas
Centro de Convenções de Sobral – Auditório Plutão
Divulgue para os amigos!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Lançamento "A Eloquência do Ódio" de Manuel Soares Bulcão Neto (29.09)


A Eloquência do Ódio:reflexões sobre o racismo e outras alofobias
(editora Livro Pronto/SP)
Livro de Manuel Soares Bulcão Neto

Data: 29 de setembro de 2009 (terça-feira)
Horário: a partir das 19h
Local: Espaço Cultural FAUSTINO/ Restaurante Faustino (Av. Beira-Mar, 3821)
Coquetel de lançamento: até as 21h
Preço promocional na ocasião: R$ 25,00 (vinte e cinco reais)
Contato com o autor (para aquisição de livros e/ou outros): manuelbulcao@uol.com.br

Trecho da Obra:
“Em nome de abstrações biomorfizadas ou antropomorfizadas, pelos interesses misteriosos de grandes ideias substancializadas (a Pátria, a Raça, a Classe, a Letra sagrada...), os homens se desindividualizam, submergem "felizes" na indiferença das massas, convertem-se em instrumentos voluntários, infligem sofrimentos indescritíveis nos outros — "nos estranhos, nos diferentes..." — e em si mesmos, matam e se matam com volúpia, chegando, inclusive, a despersonalizar esta que é a experiência mais íntima: a experiência da morte.

Realmente, como disse Hannah Arendt (1906-1975), o que foram os campos de extermínio de Treblinka, Auschwitz-Birkenau e Sóbibor senão fábricas cujo produto final era a Grande Morte Anônima e Coletiva? Judeus, ciganos, membros da elite polonesa e prisioneiros de guerra soviéticos, antes de serem assassinados, eram despojados de suas roupas, barbas, bigodes, cabelos, em suma, de qualquer coisa que denotasse gosto pessoal e, portanto, uma personalidade. Nos fornos crematórios, sob a grelha, a cinza e a gordura dos corpos nus se misturavam numa gosma indiferenciada, “impessoal”. E todas as almas seguiam para o Céu em legiões difusas, por chaminés, na mesma lufada de fumaça.”

Sobre o AUTOR: Manuel Soares Bulcão Neto nasceu em 1963 na cidade de Fortaleza. Em 1988 bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Ensaísta e escritor, publica artigos no site do Observatório da Imprensa. Tem se dedicado a estudos críticos sobre questões filosóficas fundamentais do mundo contemporâneo, sobretudo no que tange às implicações sociopolíticas dos avanços atuais da ciência. É autor de AS Esquisitices do Óbvio (2005) e Sombras do Iluminismo (2006).

domingo, 27 de setembro de 2009

Ficou mais fácil participar do VI Edital de Incentivo às Artes


Oficina de Elaboração de Projetos para o
VI Edital de Incentivo às Artes da SECULT

— Literatura, Livro e Leitura —

Data: 03.10.2009 (sábado)
Horário: a partir das 8h30
Local: Salão de Eventos da Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel (ao lado do Dragão do Mar)
Inscrições e Informações: (85) 3101.6794

O Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, disponibiliza o maior recurso já destinado na história do Fundo Estadual de Cultura para o fomento de ações desenvolvidas por profissionais do livro e da leitura (categorias e link do Edital logo a seguir).

Como é do interesse desta Secretaria favorecer a participação de todos, democratizando cada vez mais os recursos e apoiando iniciativas legítimas e eficientes de incentivo, produção, fruição e formação cultural, realiza, por meio de sua Coordenadoria de Política do Livro e de Acervos e de seu Programa Por Um Pacto Social Pelo Livro, esta Oficina de Elaboração de Projetos (EXCLUSIVAMENTE para Literatura, Livro e Leitura), oportunidade para que juntos possamos discutir, tirar nossas dúvidas, saber quais os principais “descuidos” praticados pelos proponentes e quais os principais critérios analisados pela Comissão de Análise e Seleção de Projetos das referidas áreas, além de conhecer algumas dicas importantes para elaboração de seu orçamento (principalmente gráfico) e reunir os principais atores da área.

Acredite, inscreva-se, participe e convide seus amigos.

As vagas serão limitadas!

Outras Informações:
Literatura, Livro e Leitura (Total disponibilizado: R$ 712.000,00)*

· Criação Literária (até 06 projetos, R$ 12.000 cada)
· Formação Literária (até 06 projetos, R$ 12.000 cada)
· Programa de Incentivo à Leitura (até 10 projetos, R$ 40.000 cada)
· Republicação de Obra Esgotada e de Valor Cultural (até 04 projetos, R$ 12.000 cada)
· Pesquisa em Cultura Cearense (até 10 projetos, R$ 12.000 cada)
(*) metade para a Capital e metade para o interior do Estado.

Para acessar o Edital na íntegra:

http://www.secult.ce.gov.br/categoria1/VI-EDITAL-DE-INCENTIVO-AS-ARTES-MINUTA.pdf

"Vamos Fugir..." crônica de Pedro Salgueiro para O POVO

"O Grito" de Munch/ Rubem Fonseca/ Cartaz de "Laranja Mecânica" de Kubrick

Clique na imagem para ampliar!


Vamos Fugir...

"Vamos fugir pra outro lugar, baby,
onde haja um tobogã onde
a gente escorregue"
(Gilberto Gil)

Faz algum tempo que eu e alguns amigos, diversos familiares, dois ou três conhecidos, temos conversado muito e frequentemente sobre a impossibilidade crescente de se viver numa grande cidade. Pensamos em ir embora pra bem longe, mas bem longe é apenas uma forma do medo ir tentando anular os terríveis perigos que nos rondam. Não vivemos mais tranquilos em canto nenhum, na rua, no bar, na esquina, botando o lixo na calçada, no trânsito nem se fala, na cama... Do interior do Estado nos chegam notícias aterrorizantes, de roubos, saques, drogas e medos, medos, medos... Onde então nossa Passargada?

Vivemos numa ditadura do medo, andamos sobressaltados, mesmo de manhãzinha na caminhada, no café da padaria, no cochilo da novela. O perigo nos ronda por todos os lados: basta que liguemos a TV, o rádio, os sentidos.

Talvez esse medo só vá ser sentido mais claramente nas próximas décadas, nos fetos prematuros, nos filhos violentos, nos avós insones, nas mães aflitas. Nas mãos, sim, nas mãos. A doença do medo ultrapassará o câncer, o infarto, as doenças fora de moda e as da moda. O medo dominará o mundo, o ser humano construirá pra si não mais casas e apartamentos, mas prisões domiciliares... e a polícia não servirá pra proteger os de fora, os outros, porém os de casa, os guardados.

Os bairros serão separados, grandes portões nos finais das ruas, câmeras em todas as árvores. Viveremos que nem as gangues, os daquela rua em diante serão nossos inimigos mortais. Nossa querida e sonsa loirinha descamisada pelo sol se tornará uma imensa fronteira da Aerolândia com o Lagamar. Estádios de futebol serão fechados, assistiremos às pelejas pelos canais fechados e os jogadores terão lugares determinados pra comemorarem os gols, em pontos estratégicos bem longe da fúria das torcidas organizadas.

Construirão grandes condomínios fechados, auto-suficientes, com escolas, supermercados, transportes individuais. Aos poucos cada unidade condominial se tornará naturalmente mais complexa, terão que ter não mais síndicos, mas prefeitos, vereadores, juízes internos; não demorará muito e serão necessárias prisões.

Pois, inevitavelmente, sem que nenhum de seus muros tenha sido violado pelos de fora, o medo terá invadido as fortalezas, as de Nossa Senhora de Assunção ou não.

``Porque ele nunca teria ficado apenas do lado de fora``, diz a senhora religiosa. Ah, sim, as religiões, claro, crescerão e se multiplicarão. Medo, pelo medo... — Como solução, proponho que se subdividam todos os condomínios fechados em unidades residenciais, grunhiu o prefeito, que fora um dia síndico e que acha que tem conhecimentos acumulados pra cuidar de sua própria casa. Mas tem dúvidas...

Não demorará muito e nossa obra de arte mais apreciada e valorizada será O Grito, nosso escritor predileto será Rubem Fonseca, nosso filme adorado será Laranja Mecânica.

Mas também sei que quando finalmente chegar essa época nosso pavor terá se transformado em fascínio, pois inevitavelmente o medo nos terá vencido.

PEDRO SALGUEIRO é escritor. Publicou O Peso do Morto (1995), O Espantalho (1996), Brincar com Armas (2000), Dos Valores do Inimigo (2005) e Inimigos (2007), de contos; além de Fortaleza Voadora (2007), de crônicas.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Falecimento de Alberto Porfírio, patrimônio vivo da cultura cearense

Amigos ao lado de Alberto Porfírio durante as homenagens a ele na Feira do Sebo (SECULT) de Literatura de Cordel (2008). Foto: Luizinho Ferreira
Clique na imagem para ampliar!


Faleceu, na manhã de ontem, o poeta, escritor, escultor e cantador Alberto Porfírio, que, há cerca de sete meses, lutava contra uma fibrose pulmonar causada pelo contato com o cimento, uma das matérias-primas de sua arte. Antes disso, ele já havia sido acometido por um AVC, que o deixou semiparalítico, mas que, conforme dizia, não o fez perder o senso. Filho de pai agricultor e de poucos recursos, Alberto tinha deixado o hospital pela última vez em agosto, depois de uma melhora parcial. Na semana passada, no entanto, ele teve de ser internado novamente na UTI do Hospital Antônio Prudente. Dessa vez, ele não resistiu. ``Foi um grande sofrimento, mas, graças a Deus, ele está agora descansando``, afirma Eugênia, filha dele que, no fim de sua vida, supriu a deficiência do pai datilografando ou digitando seus escritos.

Ao longo de seus 83 anos de idade, o multi-artista nascido no município de Quixadá chegou a presidir a Casa do Cantador e traçou uma carreira que o tornou, segundo o cantador e repentista Geraldo Amâncio, um nome de grande importância para a cultura cearense. “Além de sua produção, ele tinha também um lado intelectual. Ele dava aulas sobre métrica, rima, escrevia sonetos e livros”, explica. “Ele é de uma época em que, em toda família, havia mais de um cantador”, lembra de forma nostálgica Geraldo, referindo-se a um artista que, de fato, tinha família grande, de nove pessoas no total.
Antes de morrer, Alberto se preparava para lançar uma autobiografia, o que deveria acontecer em dezembro. Apesar de sua morte, a filha dele garante que o livro será lançado, conforme a vontade do pai. Seu corpo foi velado no período da noite, na própria Casa do Cantador, instituição que ajudou a fortalecer.
Fonte: O POVO

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

III Conferência Municipal de Cultura em Fortaleza

Van Gogh

O Secretário Executivo da Secretaria de Cultura de Fortaleza (SecultFOR), Márcio Caetano, está se reunindo com as classes artísticas para divulgar e debater a III Conferência Municipal da Cultura. É a oportunidade para que os atores da Literatura, do Livro e da Leitura (escritores, editores, livreiros, ilustradores, mediadores de leitura, etc.) possam se manifestar.


A reunião acontecerá na Biblioteca Pública Dolor Barreira (Av. da Universidade, 2572), dia 22 de setembro de 2009, terça, às 19 horas. Na pauta, haverá também informes gerais sobre o Seminário Do autor ao leitor: caminhos da literatura, do livro e da leitura no Estado do Ceará, promovido pelo Fórum de Literatura do Estado do Ceará (FLEC), em parceria com a Assembleia Legislativa.


Segue abaixo, um release informativo sobre a Conferência:

III CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA DE FORTALEZA


A Conferência Municipal de Cultura de Fortaleza é um espaço de consulta pública, reconhecido e convocado pelo Poder Executivo Municipal, no qual a sociedade civil e os representantes governamentais debatem princípios e diretrizes a fim de orientar a política e a gestão municipais da Cultura. A proposta central é estabelecer, de forma participativa e democrática, um novo modelo de gestão que, após as reformulações institucionais necessárias, vem reorganizar o papel do poder público municipal e da sociedade civil na área cultural.


Em 2005, a primeira edição da Conferência resultou na assinatura de um Protocolo de Intenções entre a Prefeitura de Fortaleza – representada pela Fundação de Cultura, Esporte e Turismo (FUNCET) – e o Governo Federal – representado pelo Ministério da Cultura (MinC) – para a implantação do Sistema Nacional de Cultura, uma articulação/pactuação entre os governos (municipais, estaduais e federal) e a sociedade civil para coordenar planos e ações públicas para a Cultura em todo o país.


Na II Conferência Municipal de Cultura de Fortaleza, realizada entre 13 de novembro e 15 de dezembro de 2007, firmou-se o compromisso de criação da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural (COMPHIC) e do Conselho Municipal de Política Cultural. Essas ações legitimam a Cultura como um campo estratégico para a atual administração e dizem sobre o compromisso da atual gestão com a democratização das decisões políticas e a institucionalização de instrumentos de democracia participativa.


Etapa integrante da II Conferência Nacional de Cultura, a III Conferência Municipal de Cultura pretende discutir a cultura nos seus aspectos da memória, de produção simbólica, da gestão, da participação social e da plena cidadania; propor estratégias para o fortalecimento da cultura como centro dinâmico do desenvolvimento sustentável; promover o debate entre artistas, produtores, conselheiros, gestores, investidores e demais protagonistas da cultura, valorizando a diversidade das expressões e o pluralismo das opiniões. Entre seus objetivos, a III Conferência deverá aprovar diretrizes que orientarão a política nacional de cultura, a elaboração do Plano Municipal de Cultura de Fortaleza e a implantação do Sistema Municipal de Fomento à Cultura de Fortaleza; aprovar o Plano de Ação para as cidades históricas; e eleger delegados para a etapa estadual da II Conferência Nacional.


Com o tema geral “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”, a III Conferência Municipal de Cultura será realizada nos dias 27, 28 e 29 de outubro de 2009. Desde já, é o momento de afirmarmos a Cultura como política de Estado e não de governos. Daí a importância da participação de todos e todas no ciclo de debates preparatórios para a III Conferência Municipal de Cultura.

domingo, 20 de setembro de 2009

Lançado o VI Edital de Incentivo às Artes com o maior recurso já disponibilizado pelo Fundo Estadual de Cultura/FEC

Estão abertas até o dia 19 de outubro as inscrições para o VI Edital de Incentivo às Artes. Com verba oriunda do Fundo Estadual de Cultura – FEC, o Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura/Secult, investe recurso da ordem de R$ 3,2 milhões para o fomento de projetos nas áreas da música, literatura (literatura, livro e leitura), artes visuais (artes plásticas, fotografia e artesanato artístico) e artes cênicas (teatro, dança e circo). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas tanto por pessoas físicas e jurídicas de direito privado. O edital e as fichas de inscrição estão disponíveis no site www.secult.ce.gov.br.

O recurso disponível para os editais da Secult em 2009 é o maior já disponibilizado pelo Fundo Estadual da Cultura (FEC). O cinema e vídeo recebeu R$ 3 milhões e as outras quatro linguagens (música, artes cênicas, artes visuais e literatura) recebem agora um incremento de mais de 100% em relação a 2008, passando de R$ 1,5 milhões a R$ 3,2 milhões em financiamento de projetos culturais do Ceará. Com este recurso obtido pelo Governo do Estado, o dobro de projetos cearenses poderá ser apoiado em 2009, chegando a até 180 projetos, sendo 50% destes oriundos do interior do Estado.

A mudança mais significativa neste edital é referente à documentação apresentada. No ato da inscrição, o proponente enviará somente a documentação da habilitação técnica, que é composta de um envelope contendo três vias do currículo do proponente ou do diretor responsável pela gestão do projeto (pessoa física e jurídica); três vias impressas do projeto técnico (formulário do FEC/Anexo II) e uma via apresentada em formato digital (em CD ou DVD). No caso específico do segmento Literatura, Livro e Leitura inclui-se na fase de habilitação técnica a entrega de originais (em três vias), sob PSEUDÔNIMO, para a avaliação.

Portanto, a Secretaria da Cultura simplifica o processo para os proponentes. Somente após o resultado da fase de avaliação técnica, os habilitados terão o prazo máximo de três dias úteis, contados a partir da publicação de sua convocação no Diário Oficial do Estado (disponível pelos site www.ceara.gov.br) para remeter, por meio dos serviços de postagem ou diretamente na SECULT, a documentação jurídica exigida no Edital. Serão convocados para a análise jurídica somente os candidatos que obtiverem as maiores pontuações na habilitação técnica.

Os projetos selecionados pelo edital terão, por limites a serem financiados, o mínimo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e o máximo de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), respeitando o segmento cultural escolhido. Os tetos de cada área estão assim definidos:

LITERATURA, LIVRO E LEITURA
· Criação Literária: até 06 projetos no valor máximo de R$ 12.000,00
· Formação Literária: até 06 projetos no valor máximo de R$ 12.000,00
· Programa de Incentivo à Leitura: até 10 projetos no valor máximo de R$ 40.000,00
· Republicação de obra esgotada e de valor cultural: até 04 projetos no valor máximo de R$ 12.000,00
· Pesquisa em Cultura Cearense: até 10 projetos no valor máximo de R$ 12.000,00

TEATRO
· Pesquisa Teórica ou de Linguagem: até 06 projetos no valor de R$ 10.000,00 cada;
· Manutenção de Grupos e Companhias Permanentes: até 16 projetos no valor de R$ 39.000,00 cada;
· Auxílio a Montagem de espetáculos: até 12 projetos no valor de R$ 20.000,00 cada;
· Circulação de Residências Artísticas de Grupos ou Companhias Permanentes: até 10 projetos no valor de R$ 10.000,00 cada.

DANÇA
· Pesquisa Teórica ou de Linguagem: até 02 projetos no valor de R$ 10.000,00 cada;
· Manutenção de Grupos e Companhias Permanentes: até 04 projetos no valor de R$ 39.000,00 cada;
· Auxilio a Montagem de Espetáculos: até 04 projetos no valor de R$ 20.000,00 cada;
· Circulação de Residências Artísticas de Grupos ou Companhias Permanentes: até 04 projetos no valor de R$ 10.000,00 cada.

CIRCO
· Manutenção de Grupos e Companhias Permanentes: até 06 projetos no valor de R$ 15.000,00 cada;
· Auxílio a Montagem de espetáculos Temáticos – Cordel e/ou Meio Ambiente: até 10 projetos no valor de R$ 5.000,00 cada;
· Circulação de Residências Artísticas de Grupos ou Companhias Permanentes: até 12 projetos no valor de R$ 5.000,00 cada.

MÚSICA
· Pesquisa Teórica ou de Linguagem: até 04 projetos no valor de R$ 10.000,00 cada;
· Circulação de Show: até 08 projetos no valor de R$ 10.000,00 cada;
· Apoio a Álbum Fonográfico Inédito (Estúdio): até 08 projetos no valor de R$ 10.000,00 cada;
· Apoio a Álbum Fonográfico Inédito (Prensagem): até 08 projetos no valor de R$ 10.000,00 cada;
· Apoio a Manutenção de Grupos Musicais: até 12 projetos no valor de R$ 10.000,00 cada.

COMPOSIÇÃO PARA BANDAS DE MÚSICA (PRÊMIO ALBERTO NEPOMUCENO)
· Até 04 projetos no valor de R$ 10.000,00 cada.

ARTES VISUAIS
· Até 07 projetos no valor de R$ 40.000,00 cada e até 01 projeto no valor de R$20.000,00 em Artes Plásticas ou Artesanato Artístico

FOTOGRAFIA (PREMIO CHICO ALBUQUERQUE) Até 06 projetos no valor de R$ 33.500,00 cada.

"Geografia de Iracema" crônica de Ana Miranda para O POVO (18.09.09)


"Ibiapaba, que na língua dos naturais quer dizer Terra Talha, não é só uma serra, como vulgarmente se chama, senão muitas serras juntas, que se levantam ao sertão das praias de Camuci, e mais parecidas a ondas de mar alterado que a montes, se vão sucedendo, e como encapelando umas após das outras em distrito de mais de quarenta léguas: são todas formadas de um só rochedo duríssimo, e em partes escalvado e medonho, em outras cobertas de verdura e terra lavradia, como se a natureza retratasse nestes negros penhascos a condição de seus habitadores, que, sendo sempre duros e como de pedras, às vezes dão esperanças, e se deixam cultivar".

Assim começa o padre Vieira sua descrição da serra de Ibiapaba, uma obra-prima dentro dos escritos instrumentais do jesuíta, a Relação da Missão da Serra de Ibiapaba. Ele subiu a serra em março de 1660, acompanhado de três sacerdotes e vários índios "tobajaras e pernambucos", em vinte e um dias de caminhada. Os padres descalços, com os pés em chagas, subindo mais com as mãos que com os pés, chegaram ao alto numa "quarta-feira de trevas". A região era conflagrada, fora ocupada por franceses, holandeses, e era ponto estratégico nas políticas coloniais portuguesas. Os missionários fizeram procissão, oficiaram, converteram, levaram índios a largarem suas "concubinas", Vieira casou-os com a "mulher, que por direito era legítima", em uma festa de doze dias e doze noites. Ele criou o cargo de Executor Eclesiástico, deixando-o, registrado em papel, ocupado por um índio principal com a missão de fazer os indígenas irem à igreja, cumprirem com "outras obrigações de cristãos, e os castigar e apenar, se for necessário". Tudo isso li, e reli, por mais de duas décadas, pensando em escrever algum dia um romance passado na região. Que, finalmente, pude conhecer, convidada a participar do animado festival literário do município.

Quase não pude conter meus sentimentos, ao chegar ao pé dessa serra descrita pelo padre Vieira. As pedras escalvadas se erguiam acima de nós como um monumento à natureza, guardando mistérios de sua formação tão abrupta. E ali, de onde eu admirava as serras, era um lugar ainda mais precioso sob o olhar literário. Do alto das rochas despencava um riozinho de águas brancas que se desfazia como um véu, juntando-se novamente o orvalho em água nos tanques entre pedras, bem ao pé da serra. Ali vivia Iracema, a virgem dos lábios de mel andava naquelas matas e banhava-se naquela bica. Ali começa a obra prima de José de Alencar. Ali, "mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara." Ali, o corpo coberto do aljôfar da água, os cabelos ainda úmidos e onde pousavam flores de acácias, Iracema encontrou Martim pela primeira vez. Ipu, uma pequena e linda cidade, com seu casario de certa maneira preservado, tem esta herança literária, este tesouro, de ser cenário em textos de dois dos maiores autores da literatura. A professora Ingrid Schwamborn falou-me sobre a ideia de se criar, nos moldes do Caminho de Santiago, o Caminho de Iracema. Como sabemos, Iracema saiu dali de Ipu, acompanhando Martim. Seus caminhos começam na serra de Ibiapaba e vão até as dunas de Mucuripe em Fortaleza, passam a montanha despida de arvoredo e tosquiada como a capivara, Ibiapina; as margens do Camocim e do Acaracu; a montanha com tantas frutas que se enchia de moscas, a Meruoca; as areias onde urubus pastavam de dia e de noite retornavam ao milho, Uruburetama; as voltas contínuas e enganosas do Mundaú; a foz do rio repleto de traíras; as margens do Soipé onde abundavam pacas, macios jacus, veados; o rio Taíba cujas margens abrigavam porcos-do-mato; Cauípe, onde se fabricava vinho de caju. Ainda, o lugar onde Iracema foi "abandonada" pelo guerreiro branco, a lagoa de Messejana. Há várias incursões pelo interior: o casal visita o avô de Poti na serra de Maranguape; Iracema toma banho na lagoa de Porangaba, vai para a lagoa de Sapiranga; com o esposo conhece Pacatuba, Guaiuba. Quando Martim vai à guerra, passa por Aquiraz, trava batalha contra os tabajaras e os franceses em Camucim, outra batalha é travada em Jericoacoara... Nem as grutas de Ubajara ficaram de fora. Como vemos, a geografia de Iracema, escolhida por José de Alencar, é quase um perfeito roteiro para conhecimento da costa e parte do sertão do Ceará. Foi escolhida com sensibilidade e lucidez, como tudo o que tem o toque do romancista.

ANA MIRANDA escreveu Boca do Inferno, Desmundo, Dias & Dias, Yuxin, entre outros romances, editados pela Companhia das Letras. amliteratura@hotmail.com.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

domingo, 13 de setembro de 2009

Um Poeta de Meia-Tigela expõe em Mostra de Poemas Visuais em Rio Grande do Sul

Clique no poema para ampliá-lo!

O poema visual "Labirinto" de autoria do cearense poeta de Meia-Tigela encontra-se como parte da MOSTRA POEMA VISUAL - Espaço Arte Um Feevale, em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, sob curadoria de Carmem Salazar e Cristiano Rosa.

"Labirinto" pertence ao "CONCERTO Nº 1NICO EM MIM MAIOR PARA PALAVRA E ORQUESTRA", 3º Movimento, Livro 4, Seção 4.

Mais informações sobre a Mostra no endereço: http://carmemsalazar.blogspot.com

2º Sorteio AlmanaCULTURA de livros de autores cearenses - ROMANCES

Clique na imagem para ampliar!

O blogue AlmanaCULTURA presenteia seus leitores com o sorteio de 01 kit de ROMANCES, para edição de setembro,: (1) Yuxin: alma, último lançamento de Ana Miranda, (2) Um Conto no Passado: cadeiras na calçada, livro de estreia de Raymundo Netto (ganhador do I Edital de Incentivo às Artes da SECULT, 2004), (3) Rita no Pomar, de Rinaldo de Fernandes (finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, 2009) e Exuberante Pós-Nada: itinerário ilógico da razão, de Astolfo Lima Sandy (ganhador do IV Edital de Incentivo às Artes da SECULT).

Para participar do sorteio, basta deixar, em forma de comentário, na postagem da promoção (no blogue) o e-mail de contato (de outra forma não teremos como fazer contato para o envio dos livros) e citar três livros (em qualquer gênero e de qualquer época) de autores cearenses. Quem participou do sorteio de agosto, favor, não repetir as indicações nem citar seus próprios livros (deixem que seus leitores o façam).

O sorteio será realizado ao final do mês de setembro e o resultado divulgado por meio do blogue.

O sorteado receberá os livros AUTOGRAFADOS pelos autores.

Importante: os "seguidores" (até o final do mês) do AlmanaCULTURA terão, independentemente de inscrição ou comentário, a oportunidade de participar do sorteio mensal de 1 (hum) livro de autor cearense, inclusive de algumas raridades.

(*) Rinaldo, embora não seja cearense (é do Maranhão), graduou-se em Letras pela Universidade Federal do Ceará.



Participe e divulgue a Literatura Cearense,

seja um parceiro do AlmanaCULTURA:

http://raymundo-netto.blogspot.com/

sábado, 12 de setembro de 2009

Grande Lançamento de "Rita no Pomar" em Fortaleza (16.09/ quarta-feira)



Data: 16 de setembro de 2009 (quarta-feira)
Horário: a partir das 19 até às 20h
Local: Café Lua da Livraria Lua Nova (Av. 13 de maio, 2861, Benfica, Altos)
Apresentação da Obra e do Autor: Tércia Montenegro (premiada contista e professora do curso de Letras da Universidade Federal do Ceará)
Preço do livro ESPECIAL para o lançamento: R$ 25,00 (vinte e cinco reais)
Contatos com o autor: rinaldofernandes@uol.com.br

Sobre a Obra: Indicado para o Prêmio São Paulo de Literatura e, em sua primeira fase, para o Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, "Rita no Pomar", romance de estréia de Rinaldo de Fernandes, tem posfácio de Silviano Santiago.
O cenário onde se passa parte do romance é a fictícia praia do Pomar, no litoral sul da Paraíba, cobiçado pela indústria turística, onde se constrói um imenso resort. Este, porém, é apenas um aspecto do livro. O mais importante dele, conforme indica o crítico Silviano Santiago, além da forma bem elaborada com que a história é narrada – com fragmentação, enredo não-linear e muita força na oralidade –, é Rita, uma das personagens mais ricas da literatura brasileira atual (“pelo direito do gênero, é prima de Macabéa”).

O enredo, que se passa ainda em São Paulo, guarda um grande mistério envolvendo a vida da personagem, uma paulistana que, após um acontecimento crucial em sua vida, passa a viver, com seu cachorro Pet, na paradisíaca praia do Pomar. A trama do romance é tecida em três planos: o principal, o da interlocução da protagonista Rita com o cachorro Pet (que sugere um longo monólogo); o do diário de Rita anotado numa agenda; e ainda o de pequenos contos autobiográficos da protagonista que aqui e ali aparecem. Uma grande surpresa sem dúvida.

Sobre o Autor: Rinaldo de Fernandes, além de romancista, é contista premiado (obteve o Prêmio Nacional de Contos do Paraná em 2006), antologista e professor de literatura da Universidade Federal da Paraíba. Autor de O perfume de Roberta (contos – Garamond/RJ, 2005) e organizador, entre outras, das coletâneas Chico Buarque do Brasil (Garamond/RJ, 2004), Contos cruéis (Geração Editorial/SP, 2006) e Capitu mandou flores (Geração Editorial, 2008).

Editora 7Letras:

R. Goethe, 54, BotafogoRio de Janeiro - RJ/ CEP: 22281-020 Fone: (21) 2540.0076
www.7letras.com.br

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Homenagem de Raymundo Netto a Juca Fontenelle, em O POVO



Crônica

Viçosalianas

Raymundo Netto especial para O POVO em 11.09.2009

Ao amigo Ronald e seus irmãos Tereza, Adail, Helder, Ana Maria, Juarez e Dario umas poucas palavras em respeito a outras.


Não há nada no mundo que me fale mais ao coração do que a surpresa de “humanidade” em alguém. No corre-corre de todos os nossos dias fabris, o tempo não permite que descubramos, entre tantas mazelas e idiossincrasias, a frágil beleza do ser. Daí, sempre dizer: “Posso perder tudo, menos as pessoas.”

Há tempos, uns quatro anos, recebi por presente, um livro: “Viçosalianas”. De cara, fiquei curioso do título, cujo autor, Juca Fontenelle, um senhor de oitenta e cinco anos, “viçosense de excelente cepa”, me ofertava “com apreço” em letras tremulantes de vida e histórias.

Foi numa tarde de calçadas, acompanhado de ninguém, que o li.

Um livrinho de título “deveras estrambótico” dedicado, “de modo especial”, à esposa Nilza e cujos donos seriam seus filhos, “verdadeiros achados”, que o incentivaram a escrever, pelo desejo, cria, de ver seu nome em “letra de forma” na capa.

Do livro, nos salta Viçosa do Ceará, às terras do Lambedouro, “o único lugar no mundo onde o Céu e o Cemitério são vizinhos”. Foi ali que nascera, em 1920. Dentre as narrativas viçosalianas, Juca conta e reitera o orgulho do início da leitura por intervenção da mãe, D. Rosa, descendente e representante de uma linhagem de professores.

Já casado, e para garantir a educação dos filhos, veio a Fortaleza. Trabalhou com o contista Moreira Campos no Centro de Humanidades da Universidade Federal do Ceará, e, passado mais algum tempo, no Campus da Pici, até a chegada indesejável da “expulsória”, como diz da compulsória.

Sempre afirmando sua preguiça de escrever, escreve, tomado por memórias vivas, pilhérias, lendas e causos da cidade natal. Entre tantos, e outros relembramentos, conclui: seus amigos morreram cedo, ou ele é que vivera tempo demais.

Em “A Beata e o Inferno”, Juca descreve uma mulher fervorosa e hipocondríaca, que, como outras, transforma a religião em “filosofia religiosa para uso privado”, chegando ao exagero de, quando da passagem de três padres de outras paróquias na cidade, dar um jeito de se confessar com os três.

Em “Afilotar”, lembra Filomena, ou melhor, Filó, uma mulher já estabelecida no “caritó”, rotineiramente convidada para tomar conta das filhas alheias nas festas em que os pais não poderiam estar presentes. Com o tempo, nos bailes, habituou-se a ouvir das mocinhas a seus pretendentes, naquele linguajar colorido de interioranos: Só danço a Filó “tando”. Essa ladainha, exigência paterna, ecoava pelos salões: Só danço a Filó “tando”, Só danço a Filó “tando”. Foi quando um rapaz mais ousado, e entupido de coragem de garrafas, agarrou a jovem pela cintura e respondeu: “Pois sim, que eu também sei afilotar!”

Há também o caso do padre com mania de receitar à freguesia. Durante a procissão uma beata começa a espirrar e ele, imediatamente, indica-lhe um chá. Ela desdenha, diz que não carece de tal chá, pois tem fé em Deus, e pronto. O Padre retruca: “Ter fé em Deus é muito bom, minha filha, mas é sempre mais seguro tomar o chá!”

Conta do Eudes, um analfabeto, a relatar que um velhinho da cidade morreria a qualquer momento, pois estaria vitimado de um dos “três quês” que matam: queda, catarro e caganeira. Juca o emenda: “Mas, Eudes, caganeira não se escreve com ‘q’...”. Eudes coça, então, a cabeça e responde: “Isso eu não sei, mas que a bichinha mata, mata!”

Outros casos são o de José Avelino que, atravessando uma noite escura de chuva de pingos tão grossos que bastava um para banhar-se por inteiro, decidiu abrigar-se no telheiro da “Cruz do Soldado”, quase matando um “caboclo” de susto, certo de estar diante de alma de outro mundo, e o da Câmara de Vereadores de Viçosa que, durante a I Grande Guerra, decidiu declarar combate à Alemanha.

Enfim, a obra é polvilhada de crônicas e narrativas de uma Viçosa do tempo em que não havia carro nem estrada e em que as almas, em dia de finados, se divertiam ao som da vitrola-de-gabinete do seu Afonso Marques, de inocentes passeios no açude, do Chinoca, do Zévictor Fontenelle, do Dedé Fontenelle Pacheco, do Assis Pindaíra, do Padre Carneiro, das reuniões em torno dos noticiários da BBC por um rádio a bateria no Bar do Aluísio (nas quais os moradores acertavam os relógios), do Chico Caldas, do Antônio Urano, do exótico Pedro Bozon, do Alfredo Miranda, tocador de pífano de taboca e proprietário da famosa “Casa dos Licores”, do “caminho do caranguejo”, das aventuras de caçador de Mané Pereira, do Chico Jacaré, dos casos de crimes e das procissões, dos sítios (Olaria, Jaguaribe, Cujá, Cacimbinha...), das festas dançantes no “Gabinete Viçosense de Letras”, do Saldanha, o fuxiqueiro, do jumento do correio aos domingos, da Pedra do Itaguruçu, das desmemórias de João Sacristão, do Clube Roial (sic), da história do papagaio que se chamava... papagaio! e de tantas outras mais ilustradas por fotos do casario antigo da viçosaliana cidade queridinha do Juca.

Pois sim, soube, há apenas duas semanas, que o Juca deixou “sempiternamente” a Aldeia do Ibiapaba. Foi numa quadra de abril. Soube também que estava prestes a lançar um segundo livro e que iriam emprestar seu nome, em homenagem, à Escola Estadual de Educação Profissional de Viçosa.

Fiquei triste. Apesar de gentil convite, postergado pela pressa, toda a boa conversa que poderia ter com o Juca, ficou de restos naquela calçada, naquele dia de mais ninguém.

Que os bons ventos e as vozes “ararenas” da Vila Viçosa Real d’América levem essa crônica-lamento, e que ela flua suave pela sua Lamartine Nogueira, por seus vales de águas em bicas perenes, por sua lagoa doce de mel redondo, pelas folhas das mangueiras da Clóvis Beviláqua, terra do Céu adormecido encimado por Cristo iluminado em redenção, até cobrir d’ouro lustrado as tijoleiras de sua Matriz.

José Victor Fontenelle Filho (1920-2009). Autor de Viçosalianas. Teve diversas participações no “jornal do leitor” de O POVO.

Raymundo Netto. Contato:
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Blogue AlmanaCULTURA:
http://raymundo-netto.blogspot.com

sábado, 5 de setembro de 2009

"O Jardim do Theatro" crônica de Ana Miranda para o jornal O POVO

O belíssimo Theatro José de Alencar
Foto: acervo Raymundo Netto

Foi o arquiteto e paisagista Ricardo Bezerra quem me deu uma pequena publicação sobre os jardins do theatro José de Alencar. Estive ali faz pouco tempo, e fiquei surpreendida pelo que vi. Em torno, uma cidade noturnamente abandonada, pessoinhas perdidas a vagar, talvez pensando em como ganhar a vida, como perder a vida. E depois das grades a maravilhosa arquitetura de ferro, uma delicadeza Art Nouveau, vitoriana, o theatro, emoldurado por um jardim lindo, obra de arte nascida do grande Burle Marx.

Burle Marx foi um inovador, nos anos 1960 ele já falava em ecologia e preservação, denunciava desmatamentos, queimadas... e fundou um olhar novo sobre nossas paisagens. Decerto recebeu da mãe a sensibilidade e o esmero em sua formação. Ela era pianista, cantora, mulher refinada e culta de família pernambucana. Num casarão paulista a mãe cultivava gladíolos, begônias, antúrios, e uma babá, Anna, ensinava ao menino o segredo do cultivo de plantas. Já morando no Rio, o rapazinho colecionava espécies no quintal e aprendia enxertia, hábitos, reprodução dos vegetais. Um vizinho que era arquiteto de renome observava seu talento e convidou-o a criar o jardim de uma casa que projetara. Era Lúcio Costa. Dessa amizade floresceu o paisagista e o gosto pelo Modernismo. Tarsila do Amaral chamava o rapaz de “poeta das plantas”.

Burle Marx viu, em estufas de jardins botânicos europeus, espécies brasileiras iluminadas por um olhar exótico, plantas que aqui eram desprezadas, eram “mato”. Os jardins brasileiros seguiam concepções clássicas, como as de mestre Valentim, do século 18, Glaziou, e os parques, vergéis de quintas, palacetes, nasciam de inspiração francesa e inglesa. Só em meados do século vinte apareceram em nossos jardins as primeiras helicônias, marantas, filodendros, da flora tropical. Burle Marx disse que foi a leitura de Os sertões, de Euclides da Cunha, que abriu seus olhos para a nossa flora, e o levou a descobrir essa riqueza em viagens por diferentes regiões do Brasil. Em 1934, um de seus primeiros trabalhos, aos vinte e cinco anos, foi a praça Euclides da Cunha em Recife, onde criou um bosque educativo com plantas do sertão nordestino, povoado de macambiras, xique-xiques, mandacarus...

Trabalhou muito no Nordeste. Nos anos sessenta fez seu primeiro jardim em Fortaleza, na residência de Benedito Macedo, começando aí o paisagismo moderno de nossa cidade. Depois fez paisagens para as avenidas Aguanhambi, José Bastos, para o Palácio do Bispo... Deixou brilhantes discípulos, como Ricardo Marinho. Em 1973 ele criou para o theatro um jardim contemplativo, que emoldurava e valorizava a edificação, usando espelho d’água, canteiros, calçadas, jucás, pau-ferro, oitizeiros, leques-de-fiji, pau-brasil florido de amarelo, e a lindíssima cascata de tumbérgia a cobrir o árido paredão de um prédio vizinho. Esse jardim, de difícil manutenção, durou pouco. Nos anos noventa o governador Jereissati teve o bom gosto de convidar Violeta Arraes para secretária de Cultura, e essa cearense do Crato, figura de grande valor para nossa história, reformou o theatro e convidou Burle Marx para refazer o jardim, em conceito mais utilitário. É o jardim que vemos hoje, histórico, com todo o esplendor.

Com a percepção de um artista, conhecimento de botânica, de ecologia, com o ideal de anotação de nossas espécies, e de educação ambiental dos moradores das cidades, Burle Marx fundou um novo conceito de jardim, que ao mesmo tempo é paisagem de nossa flora e presença respeitosa na cidade, a vesti-la de beleza. Como um pintor ele cria manchas coloridas, arranja pedras, cascatas e espelhos, harmoniza volumes... Ordena sutilmente a paisagem, almejando despertar o amor pela natureza. E, realmente, alguns de seus jardins provocam uma admiração tão imensa que nos deixa amorosos e suspensos.

Ricardo Bezerra, que é também músico, multiartista como Burle Marx, faz parte de um grupo que pesquisa jardins desse nosso paisagista maior, num trabalho que cumpre a Carta de Florença, firmada nos anos oitenta, para recuperação, restauração, preservação dos jardins históricos em todo o mundo. Um jardim não é apenas um jardim... Ele é higiene, educação e arte. Ameniza o clima e purifica o ar, acalma, civiliza, é meio de instruir e transmitir conhecimentos, e manifesta cultura, saber, arte. Oferece ao morador da cidade o contato com a natureza, e, mais profundamente, um encontro com nosso paraíso perdido.

ANA MIRANDA é autora de Boca do Inferno, Desmundo, Dias & Dias, Yuxin, entre outros romances, editados pela Companhia das Letras. Contato: amliteratura@hotmail.com.

Resultado do Sorteio AlmanaCULTURA de AGOSTO!

Raymundo Netto, Cristina Paiva (Café Lua), Urik Paiva, Lucíola Limaverde e Alan Santiago
aproveitando o encontro para uma conversa.

A hora do sorteado!

A dedicatória para o ganhador

Conforme anunciado, o sorteio de AGOSTO do kit de livros para leitores e seguidores do AlmanaCULTURA aconteceu no Café Lua, às 19h30 do dia 2, com a presença de alguns dos autores que cederam gentilmente seus livros para que pudessemos presentear nossos amigos.

O resultado do sorteio:

Ganhador do kit composto por 4 livros de contos de autores cearenses (todos premiados por editais do Estado e de Fortaleza): Antônio Filho (também escritor, autor de O Sapo de Sapato, título da coleção coordenada por Kelsen Bravos para o PAIC)

Ganhadora do livro Mundo dos Vivos (livro de contos, também premiado): Solange Benevides (poetisa, participante do Templo da Poesia)

Por serem muito próximos, os ganhadores poderão optar em receber os livros diretamente. Mas poderão receber por correio, se preferirem. Aguardo um e-mail.

Neste mês de setembro, outra promoção virá. Aguardem!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"Vida e Educação: a revista da educação básica" da Editora Brasil Tropical

Clique na imagem para ampliar!

Há cinco anos no mercado, a revista Vida e Educação é uma publicação bimestral especializada em educação básica. Sob a responsabilidade da Editora Brasil Tropical, com sede em Fortaleza, a publicação, de elevado nível de projeto gráfico, é composta, na maior parte, por selecionados artigos de professores da educação superior e da educação básica e/ou de pesquisadores e escritores que dialogam com temas transversais à educação.


Em sua 25ª edição, a Vida e Educação aborda, entre outros assuntos, a primeira infância, a educação a distância, a neuroeducação e experiências educacionais que se destacam pela utilização de recursos como a literatura de cordel ("Aprendendo a versejar").


Dentre os principais temas deste número: entrevista com Vital Didonet, especialista em educação infantil e coordenador da Secretaria Executiva da Rede Nacional Primeira Infância; as vantagens e os desafios da educação a distância para o ensino superior (tema do II Seminário UFC de Administração em EAD, nos dias 3 e 4 de setembro); entrevista com Vicente Martins, mestre em educação, abordando as causas neuropsicológicas relativas à linguagem escrita; a dificuldade de inserção no mercado de trabalho; o uso do cordel como ferramenta para incentivo à leitura e à escrita, em matéria com o cordelista Crispiniano Neto, Secretário da Cultura do Rio Grande do Norte. Há muito mais em Vida e Educação.

Para envio de sugestões, críticas, propostas de artigos e assinaturas da revista, entre em contato com a redação da Brasil Tropical:

Fone: (85) 3214.6971 ou

e-mail: redacao@vidaeducacao.com.br

Vale a pena conferir!