Fortaleza é pródiga em criar
bairros fantasmas. Explico o que deveria não ter explicação: a importância da
Igreja da Piedade justifica que se troque um pedaço do Joaquim Távora, nos
arredores do dito templo, pelo “Bairro da Piedade”, qualquer dia desses algum
vereador desocupado (desculpem o pleonasmo!) propõe oficializar a alcunha (cá
pra nós, neste caso bem mais simpática); o velho Alagadiço, também por causa da
paróquia de lá, se transformou magicamente em São Gerardo – e como o Alagadiço
foi esquecido, criaram o Alagadiço Novo, que agora dizem se chamar José de
Alencar, muito justo, não!?
A Estação de
Otávio Bonfim ali ao lado virou Paróquia do Otávio Bonfim um pouco além e todos
esquecemos o Bairro Farias Brito, mas o filósofo cearense bem que merecia ser
nome eterno do Bairro, porém restou o consolo de já ser cidade (que espero não
troquem pela alcunha de algum obscuro deputado).
Já o meu
querido Benfica ficou para trás com a importância e charme da Gentilândia, mas
achando injusta a troca e “natural” esquecimento convocamos um congresso ali
bem no coreto da Praça da Gentilândia (ainda existia coreto por lá, alguém logo
me desmente dizendo que era apenas uma caixa d’água com um patamar embaixo, mas
danem-se as precisões da memória). Foram chamados: um casal de estudantes da
Reu 125, outro da residência estudantil Bérgson Gurjão, dois proprietários de
bares (Srs. Luís Picas e Chaguinha), um representante da MEMOFUT (Cristiano
Santos), três editores da Pindaíba (acho que Manuelis Fonseca, André e outro que
esqueci), a Gorete do Guaraná, alguns organizadores do Sanatório Geral, a moça
que iniciou o “Quem é de bem fica”, o prefeito da praça de alcunha 14, enfim,
havia todo tipo de gente, até os pseudoescritores dos Poetas de Quinta.
Depois de muita
confabulação, papo-cabeça e outros nem tanto, resolveu-se constituir emissários
para fazer consultas aos poetas Francisco Carvalho (que não morava no bairro,
mas trabalhava na Reitoria da UFC), José Alcides Pinto (que morava lá na Vila
Cordeiro, quase no Centro) e Marly Vasconcelos (que residia em Fátima, porém cursou
Letras na UFC), com as respostas (que cá pra nós não ajudaram muito, pois Carvalho
ficou timidamente em cima do muro, Zé Alcides apenas perguntava se tinha belas
poetas participando da discussão e Marly prometeu fazer um belo poema sobre o
assunto).
Mas depois de
algumas arengas, muita fumaça, guaraná e cachaça, o Poeta de Meia-Tigela propôs
deixar as duas alcunhas em filosófica dúvida e que cada um, democraticamente,
decidisse por si... No que me inspirei pra dar minha única contribuição até
hoje ao meu adorado torrão: que continuássemos como Bairro do Benfica, porém
com a Capital da Gentilândia – pronto! Prego batido e ponta virada... quem não
concordou também não discordou!
Levamos,
imediatamente, para Tom Barros assinar o decreto e mandamos para publicação!