segunda-feira, 24 de outubro de 2016

"Só dois livros de crônicas na final do Jabuti", de Henrique Fendrich para a "Rubem" (22.10)


Ano após ano, é a mesma história: o Prêmio Jabuti reúne, inexplicavelmente, Contos e Crônicas em uma única categoria e o resultado é uma enxurrada de livros de contos na final e um ou outro livro de crônica – normalmente do Verissimo, porque, este, nem o Jabuti consegue ignorar.
Assim, entre os finalistas da malfadada categoria neste ano de 2016 está lá As mentiras que as mulheres contam (Objetiva), a mais recente antologia de crônicas de Luis Fernando Verissimo.
A boa notícia é que, a despeito da teimosia da Câmara Brasileira do Livro em misturar gêneros, outro cronista conseguiu passar pelo crivo dos juízes e foi para final: o cearense Raymundo Netto. Podemos até dizer que houve um aumento de 100% dos cronistas na final, já que em 2015 só Humberto Werneck estava lá. Passamos de 1 para 2. Alvíssaras.

Crônicas absurdas
O feito de Raymundo Netto foi conseguido com o livro Crônicas absurdas de segunda (Edições Demócrito Rocha), seleção de textos publicados entre 2007 e 2010 no jornal O POVO, de Fortaleza. Essas crônicas são “absurdas” porque a proposta do autor foi promover encontros fictícios com escritores e os botar para falar sobre Fortaleza. Raymundo se valeu da intertextualidade, tentando captar voz, trejeitos e pensamentos de cada escritor para colocar em cada crônica.


Foto: Tatiana Fortes para O POVO

Assim é que participam dessas crônicas personagens como Rachel de Queiroz, José de Alencar, Milton Dias, Clarice Lispector, Gonçalves Dias, Gregório de Matos, Airton Monte, Ana Miranda, Quintino Cunha, entre outros, vários deles locais.
Trata-se, portanto, de uma proposta criativa, que rendeu unidade ao conteúdo do livro, e que, ao envolver também nomes conhecidos da literatura, conseguiu comover os jurados do Jabuti, que o deixaram entrar na final, não obstante ser um livro de crônicas.
Agora é esperar o resultado, que sai no dia 24 de novembro, para ver quem sairá prejudicado dessa vez, se os cronistas, como de hábito, ou os contistas que não terão um livro do seu gênero contemplado. Afinal, apesar de tudo, a cada cinco ou seis anos o vencedor é, contra todas as expectativas, um desses escassos livros de crônicas que passam para a final.
É verdade que o jabuti não é mesmo dos animais mais rápidos, mas já está mais do que na hora de criar categorias distintas para gêneros distintos, não é mesmo?

Henrique Fendrich
para a Rubem: revista da crônica – notícias, entrevistas, resenhas e textos feitos ao rés-do-chão

https://rubem.wordpress.com/2016/10/22/so-dois-livros-de-cronicas-na-final-do-jabuti/


sábado, 15 de outubro de 2016

"O Pequeno Príncipe ou 'Aquele que é Desejado'", de Raymundo Netto para O POVO (15/10)


O mundo é um bocado de surpresas. Aquela gripe repentina, a loteria às pressas que se ganha, a promessa de aumento quase esquecida, a demissão por corte de pessoal, o encontro com aquela que pode ser o grande amor de sua vida, a despedida ou a traição de alguém que se ama, o incêndio a configurar tragédia a um acontecimento de mudar para sempre o seu destino. Podemos esperar de um tudo da vida, principalmente a morte ou coisa parecida, certeza fatal que enquanto a alguns causa temor, para outros é fetiche.
Uma outra certeza que temos é que independentemente de nossa vontade e querer a vida acontece. Abrem-se as cortinas, ligam-se as luzes, você pode estar sozinho, ter esquecido o texto e o show tem que continuar. Apruma-se a garganta e se improvisa. Temos que continuar, e para frente, porque para trás a roda não gira.
A nossa percepção das coisas ainda é muito pequena para entendermos como podemos ou temos que ser o que não somos ou o que não queremos ser. Meio que Fernando Pessoa, quando: “Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!”
Há pouco mais de um ano soube que Saulo já vinha. Não me perguntava nem me pedia nada, e já chegava sem anúncio, a bordo de um rabo de cometa a aportar por ali. Entregara-se à vida, sem trajar-se dos incômodos do mundo, que para ele nem seria tão grande nem maior do que os braços da mãe, onde parecia encontrar tudo que precisava e queria, assim como ela oferecia ao pequeno muito mais do que se pode esperar daqui.
Vivendo à parte, experiência difícil, nos estranhamos. Sabia: a conquista de afeto se dá nos degraus do calendário, na ciranda do relógio, na presença sem alardes ou imposição, mas aquela que se dá com gratuidade e tolerância, no reconhecimento de nossas existências, imperfeições e afinidades. Exige tempo, mesmo que não seja esse nem o de agora. Quem pode sabê-lo? A entrega é gratuita, mas a conquista tem um preço. E na rota dessas surpresas, quando a sós, percebo a sua espontaneidade. O sorriso de criança feliz e amada espalha-se no rosto. Olhos atentos, lança-me os braços na possível brincadeira, mesmo quando diante do “pai muito cansado de tanta dor que ele tem”.
Cala-se a tarde. Os carros a riscar ruídos na avenida. “Nessa rua, nessa rua tem um bosque, que se chama, que se chama solidão...” No acalanto da penumbra, ao vento que escorre na sala, ele se entrega inteiro em meu peito, fecha as pálpebras dos pingos de céu, enquanto vigio seu sono e penso num futuro, após lançados pelas janelas traumas, frustrações ou sentimentos inquietadores, enrodilhados como os brotos de seus cabelos.
Amanhã é seu aniversário, Saulo. Nessa pirueta de surpresas, chega-nos ainda a brisa fresca em favor da nossa possibilidade, sem pressa, no vagar do que a vida nos trouxe e nos dá em forma da alva esperança a erguer-se no céu ao nascer de um novo dia, na batida sereníssima do coração, na respiração tranquilo de um oceano. 
Parabéns pelo seu primeiro aninho, filho.




sábado, 8 de outubro de 2016

"O jornal ainda é a principal fonte confiável", diz editor de Spotlight

                                          Mauro Fagiani - 23.jan.2016/Pacific Press/Alamy Live News

MARCELO NINIO, de Washington
06 de outubro de 2016

Apesar das dificuldades financeiras vividas por jornais ao redor do mundo e da explosão da internet, são eles que continuam sendo a mais importante fonte de informações confiáveis, diz um veterano jornalista, que ficou famoso ao ser interpretado pelo ator Michael Keaton no cinema.
Bom de papo e apaixonado por sua profissão, Walter Robinson, 70, chefiou a equipe de reportagem investigativa do jornal Boston Globe que revelou a enorme escala de abusos sexuais em série cometidos por padres católicos na cidade em 2002.
A história deu origem a Spotlight: Segredos Revelados, que ganhou o Oscar de melhor filme neste ano.
Em sua primeira visita ao Brasil, Robinson participa neste sábado (8) de um painel do Festival Piauí GloboNews de Jornalismo, em São Paulo.
Pouco antes de embarcar, ainda sem compreender a demora para obter o visto para o Brasil —que lhe exigiu três idas ao consulado—, Robinson conversou com a Folha por telefone sobre a reportagem que rendeu à equipe o prêmio Pulitzer, o mais importante do jornalismo americano, o filme e o futuro da profissão.
Analisados quase uma década e meia depois, já com o conhecimento dos fatos, é difícil entender porque os abusos cometidos por padres em Boston, com o acobertamento da Igreja Católica, só foram revelados em sua verdadeira extensão quando a equipe de Robinson mergulhou no assunto. Segundo ele, um dos motivos foi a "deferência" à igreja em Boston, que tornava o assunto de certa forma intocável.
"Se alguém dissesse há 30 anos que milhares de padres católicos haviam abusado de dezenas de milhares de crianças e que a igreja havia acobertado tudo, essa pessoa seria considerada louca. A ideia de que a igreja estava envolvida em algo assim era inimaginável. Depois descobrimos que uma grande quantidade de casos era conhecida da polícia e dos procuradores, mas eles não fizeram nada por deferência à igreja", conta.

'FORASTEIRO'
Nascido em Boston há 70 anos e desde 1972 no Boston Globe, o jornalista reconhece que foi preciso um "forasteiro" para empurrar a reportagem, o editor Marty Baron, que chegou de Miami com um "olhar novo e sem se importar com quem iria ficar ofendido". O início do trabalho foi motivado "por medo do chefe", diz Robinson. "Parece piada, mas fizemos por medo."
Partindo de um caso antigo de um padre que havia sido acusado de abusar crianças nos anos 1980, em uma semana a equipe de Robinson entendeu que aquilo era "apenas a ponta do iceberg".
O que no início parecia ser no máximo uma dúzia de casos revelou-se muito maior, com quase 250 padres envolvidos em abusos de crianças em Boston. O trabalho rendeu à equipe o mais cobiçado Pulitzer, o de serviço público. Algo que Robinson, sem modéstia, considera totalmente justificado.
"Dada a extensão dos crimes e o fato de que sua exposição levou a mudanças significativas na forma como a igreja opera, acho que não dá para imaginar um serviço público melhor", diz.
Com recursos cada vez mais escassos para reportagens de fôlego, Robinson lamenta que os jornalistas têm deixado escapar muitas histórias importantes, mas acredita que os jornais continuam fundamentais.
"Os jornais ainda são a principal fonte de informação e reportagens de fundo", afirma Robinson. "O problema é que demos de graça o nosso produto por tanto tempo [na internet] que é difícil convencer o público de que, se você de fato quer notícias com profundidade, tem que pagar por elas."


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

"Belchior Sete Zero", lançamento do projeto, do livro e de outras informações (7/10)


O projeto Belchior Sete Zero celebrará os 70 anos do poeta, cantor e compositor Belchior (que nasceu em 26.10.46, em Sobral, Ceará), unindo literatura, música e teatro.
Será realizado nos meses de outubro e novembro, em equipamentos culturais, bares e faculdades, com lançamentos de livro, shows musicais, debates e apresentações teatrais.
A abertura do projeto acontecerá na sexta-feira, 7 de outubro, no Teatro José de Alencar (Palco Principal), de 19h a 21h, com show de Erickson Mendes, Jord Guedes e Lúcio Ricardo, que interpretarão os grandes sucessos de Belchior, acompanhados de Moacir Bedê, Fábio Amaral e André Benedecti.
Na ocasião será lançado o livro Para Belchior com Amor, com textos literários de catorze autores cearenses inspirados em canções de Belchior.
Xico Sá | Kátia Freitas | Gero Camilo | Ethel de Paula | Raymundo Netto | Carmélia Aragão | Joan Edesson de Oliveira | José Américo Bezerra Saraiva | Cleudene Aragão | Ricardo Kelmer | Roberto Maciel | Thiago Arrais | Jeff Peixoto


Preço do livro: R$ 10,00.
Página oficial do projeto, com a programação GERAL atualizada (inclusive peças, shows, entre outros):
https://www.facebook.com/belchiorsetezero

Ingressos: R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia)
À venda no TJA a partir de 4 out (das 14h às 17h).
IMPORTANTE: Pagamento somente em dinheiro.
Informações: 85-99605.0508/ 85-98668.7232
Agência / Produção:
·         Amar Arte Produções (Marta Pinheiro)
·         Clube de Cultura (Rogers Tabosa)
Direção Musical: Moacir Bedê
Coordenação geral do projeto Belchior Sete Zero: Ricardo Kelmer

Parceria: CCBNB - Centro Cultural Banco do Nordeste


domingo, 2 de outubro de 2016

"Nos Bastidores das HQs: produção e mercado no Brasil", com Raphael Fernandes, editor da DRACO(SP) e da revista MAD/Brasil (6/10)


Encontro
Nos Bastidores das HQs:
produção e mercado no Brasil

Data e Horário: 6 de outubro de 2016, às 19h
Local: Auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Fortaleza – Ceará)
Convidado: Raphael Fernandes (editor da revista Mad Brasil e da Editora Draco, de São Paulo)
Mediação: Fernando Lima (jornalista e quadrinista)
Lançamento e sessão de autógrafos do álbum em quadrinhos O Despertar de Cthulhu*, com a participação dos quadrinistas Elias Aquino e Caiuã Araújo.

Autores independentes, coletivos, formadores, editores e outros personagens das cadeias criativa e produtiva em quadrinhos estão mais do que convidados a se fazerem presentes. Contamos com vocês!

Informações: (85) 3255.6203 | raymundonetto.fdr@gmail.com

Conheça mais do projeto: fdr.org.br/uane/hqceara


(*) O Despertar de Cthulhu, álbum EM QUADRINHOS da Editora Draco (SP), reúne a produção de oito histórias inspiradas no terror de H.P. Lovecraft.


Lançamento-show: "Para Belchior, com Amor", no Theatro José de Alencar (07/10), às 19h.


MARQUE AÍ NA SUA AGENDA: Dia 7 de outubro (sexta), a partir das 19h, no Theatro José de Alencar, lançamento-show do livro Para Belchior, com Amor, coletânea de textos inspirados nas canções do artista, em comemoração aos seus 70 anos. Será uma festa-surpresa e por isso mesmo acho que desta vez ele vai comparecer. O projeto, criado por Ricardo Kelmer, apresentará show de Jord Guedes, Lúcio Ricardo e Erickson Mendes (que cantarão os belsucessos), enquanto haverá sessão de autógrafos com os autores: Thiago Arrais, Cleudene Aragão, Ana Karla Dubiela, Carmélia Aragão, Gero Camilo, Ricardo Guilherme, José Américo Saraiva, Ethel de Paula, Ricardo Kelmer, Xico Sá, Joan Oliveira, Jeff Peixoto, Roberto Maciel e Raymundo Netto. Preço do livro? Só R$ 10,00. Entrada para o show: R$ 30,00 (com meia de R$ 15,00). É isso aí. Passa pra frente e aprochegue-se!

A seguir, excelente matéria do Correio Braziliense sobre a obra Para Belchior, com Amor.
Confira. Acesse:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2016/10/02/interna_diversao_arte,551203/livro-faz-homenagem-aos-70-anos-de-belchior.shtml